A máscara tornou-se uma barreira para os jovens esconderem as suas imperfeições e emoções indesejadas. O regresso à normalidade não está a ser fácil para os mais novos.
Quando as máscaras tornaram-se uma realidade, no início da pandemia de covid-19, muitos foram os que as receberam com estranheza e alguns até com reprovação. Alguns de nós nunca sequer tinham usado uma e, de um momento para o outro, tornou-se uma constante na nossa vida e um bem indispensável ao sair de casa.
Agora, num tímido regresso à normalidade, a Ministra da Saúde anunciou um relaxamento das medidas e o fim do uso obrigatório de máscara nos espaços fechados.
A medida entrou em vigor esta sexta-feira, mas o facto é que, apesar de tudo, muitos portugueses continuaram a usar máscara em alguns espaços. De facto, a máscara deixou de ser obrigatória, mas obviamente que quem quiser ainda a pode usar, sendo até recomendado que o faça.
As exceções à regra são os transportes públicos e os locais onde estejam pessoas com fatores de risco, como lares de idosos e hospitais. Neste espaços, o uso de máscara continua a ser exigido.
Para muitos há agora o medo e a ansiedade de voltar a mostrar os rostos na íntegra depois de dois anos de pandemia. Em Espanha chama-lhe até “Síndrome da cara vazia”.
Este receio está bem presente nos adolescentes, que encontraram na máscara uma forma de esconder as suas imperfeições ou emoções que não desejam mostrar.
“Eles estão felizes por as coisas estarem finalmente a abrir, mas a relação com a máscara é um pouco estranha”, explicou uma professora de inglês da Póvoa do Varzim em declarações ao Observador.
Alguns jovens “puxam a gola da camisola para cima” ou então “tapam um pouco a cara com os dedos” como forma de lidar com a falta da máscara. “Não noto que seja tanto o receio da doença, mas sim problemas de autoestima próprios da idade”, explicou a docente.
“Acho que me sinto mais confortável sem a máscara, mas eu não gosto da minha cara”, conta um jovem de 14 anos ao Observador.
“Pessoalmente não gostaria de continuar a usá-la, mas às vezes gosto de a ter por saber que as pessoas não conseguem ver as minhas reações, sinto-me protegida”, disse outra jovem, de 15 anos.
Muitos deles fizeram a transição de infância para adolescência com a imposição de usar máscara nos espaços fechados. Habituaram-se e agora a transição para a normalidade está a ser recebida com cautela. Por vezes, a solução passa por continuar a usar máscara, até mesmo quando já não é necessário.