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Com a SIDA a escalar, Margaret Thatcher recusou-se a avançar com campanha sobre sexo de risco

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Williams, U.S. Military / Wikimedia

Margaret Thatcher, antiga primeira-ministra britânica conhecida como a “Dama de Ferro”

Conhecida como a “Dama de Ferro”, Margaret Thatcher opôs-se à ideia do Governo de avançar com uma campanha de consciencialização sobre “sexo de risco”, numa altura em que o Reino Unido estava a começar a viver a realidade da SIDA. A informação é divulgada por um ex-ministro conservador.

Norman Fowler revelou ao The Independent que, no final dos anos 80, Margaret Thatcher, a então primeira-ministra do Reino Unido, se recusou a avançar com a campanha do Governo que tinha como intuito alertar para os riscos de fazer sexo sem proteção e tentar, assim, diminuir o risco de contágio do HIV.

De acordo com o ex-ministro, Thatcher acreditava que mencionar práticas sexuais de risco numa campanha poderia ter o efeito inverso e encorajar as pessoas a “experimentar”.

Lord Fowler, que na altura era secretário de saúde, recorda que tentou que a ministra mudasse de ideias e lhe disse que estava “completamente errada” sobre o assunto.

O político, hoje com 83 anos de idade, afirma que Thatcher era cética em relação a fazer qualquer campanha de informação sobre a SIDA, mas que esta posição não lhe garantiu muitos simpatizantes.

O sucesso do documentário do Channel 4 It’s a Sin – que retrata o caos que o Reino Unido sofreu durante a crise da SIDA nos anos 1980, levantou algumas questões sobre a resposta do governo Thatcher.

Apesar das dúvidas da primeira-ministra conservadora, Norman Fowler lançou a campanha governamental “SIDA: Não morra de ignorância”, em 1986.

Porém, “havia uma secção [no folheto] sobre sexo de risco e Margaret disse: ‘Precisamos de ter isto sobre sexo de risco?’ Como o objetivo era alertar as pessoas sobre o assunto, parecia-me que era essencial incluir o tema”, conta Fowler.

O conservador lembra que a secção sobre sexo de risco acabou por não ser incluída na campanha, pois o texto final advertia para o facto de os que correm maior risco serem “os homens que fazem sexo anal com outros homens. Utilizadores abusivos de drogas que partilham equipamentos. Qualquer pessoa com muitos parceiros sexuais” – e estes argumentos não caíram nas graças da “Dama de Ferro”.

“A preocupação dela era que estivéssemos a ensinar às pessoas coisas sobre as quais elas não sabiam nada – a implicação era que, uma vez que soubessem, poderiam experimentar”, diz Fowler, relembrando a posição da emblemática primeira-ministra.

Nos primeiros anos da década de 1980, pouco se sabia sobre a “doença misteriosa” que afetava os homossexuais. Apenas em 1984 é que os cientistas revelaram a descoberta do vírus causador da SIDA – oficialmente denominado HIV.

Relativamente a alegações de que o governo demorou a agir, e que isso pode ter custado alguma vidas, Lord Fowler diz que “poderia dizer que deveríamos ter começado mais cedo, mas acho que começamos mais ou menos na hora certa, porque foi a altura em que a preocupação estava a crescer”.

Margaret Thatcher exerceu o cargo de primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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3 Comments

    • Ignorância vem de pessoas promíscuas e não da “Dama de ferro”. Para ela, o Estado não devia substituir os pais na sua educação… e quando falo educação não estou a restringir o acto de conhecimentos de saber escrever ou falar, mas um conceito de boas maneiras perante a sociedade. Mas tu deves ser mais um que não deves tido pais e nascido de alguma chocadeira eléctrica como qualquer “progressista” e contas com o governo para te dar de comer e mudar a fralda.

  1. Ah, ah, ah… Como se os ingleses fossem todos uns anjinhos, e ficassem influenciados por um texto tão banal, relativo a realidades do conhecimento geral. Até mesmo a Rainha deveria saber do que se tratava… Oh, my God!

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