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Da “obsessão com a Páscoa” ao país adormecido. Marcelo não vai mexer no decreto do novo estado de emergência

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ppdpsd / Flickr

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou a receber os partidos esta terça-feira para discutir a renovação do estado de emergência.

Marcelo Rebelo de Sousa deu início, esta terça-feira, a uma nova ronda de audiências com os partidos, a dois dias da votação da renovação do estado de emergência no Parlamento. O Presidente recebeu o Iniciativa Liberal (IL), o Chega, o PEV, o PAN, o CDS-PP e o PCP.

À saída, os partidos deram a entender que o novo decreto será muito semelhante ao anterior. Não há, portanto, nenhuma medida que aponte a um eventual desconfinamento, destaca o jornal Público.

IL: “Parece que o país adormeceu”

O primeiro a ser recebido pelo Presidente da República foi João Cotrim Figueiredo. À saída da audiência, o deputado do Iniciativa Liberal disse que não havia intenção, por parte do chefe de Estado, “de mudar seja o que for no decreto do estado de emergência”.

“Parece que o país adormeceu, que não há urgência. Anda tudo a adormecer porque já tomaram a decisão política de só desconfinar no final de março”, afirmou o político, em declarações aos jornalistas.

“Todos os dias em que se adia a reabertura das escolas estamos a prejudicar o desenvolvimento das crianças, em parte não recuperável”, disse Cotrim Figueiredo, em defesa de um plano de testes escalável dirigido a professores, auxiliares e alunos de forma a garantir um regresso seguro à escola.

O Presidente da República pediu um plano para o desconfinamento, mas “parece que ninguém pediu nada”, atirou ainda, lamentando a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa de que o confinamento é para durar até à Páscoa.

De acordo com o Expresso, o líder do Iniciativa Liberal confirmou que o partido vai votar contra a renovação do estado de emergência.

Chega: “Obsessão com a Páscoa”

À semelhança do deputado liberal, também André Ventura defendeu que se devia começar desde já a preparar o desconfinamento. “Parece-nos errado ter que esperar pela Páscoa para um desconfinamento apressado, imediato e de forma absoluta. Pode descontrolar ainda mais a situação”, afirmou o deputado único do Chega.

À saída da audiência, Ventura disse aos jornalistas que “o Governo vai manter o mesmo nível de confinamento, sem qualquer alteração”, até ao final de março e apenas porque se “criou uma certa obsessão com a Páscoa, por causa do Natal, apesar de ser incomparável”.

O líder do partido considerou que se deve dar prioridade ao pequeno comércio e à restauração, ainda que com “restrições severas”, e avisou que “vai haver um momento em que vamos ter falta de comida na mesa, falta de dinheiro na carteira e as empresas vão fechar por falta de tesouraria”.

“Nesse momento vamos abrir para quê? Para quem?”, questionou.

Sobre o sentido de voto do Chega, Ventura confirmou que o partido irá votar contra. “Eu entendo que, tal como está, o confinamento está mais a destruir do que a ajudar e em consciência não poderia votar a favor”, justificou.

PEV: “Planeamento já devia estar a ser feito”

Mariana Silva, deputada do partido ecologista Os Verdes, garantiu que “o Presidente disse que não há qualquer alteração ao estado de emergência”, em linha com as declarações de Cotrim Figueiredo e Ventura.

Tal como os deputados da direita, Mariana Silva alertou para a importância de se ponderar o desconfinamento mantendo as medidas de prevenção e segurança. “O planeamento do desconfinamento já devia estar a ser feito, aguardamos explicações do Governo sobre o assunto”, constatou a deputada.

“Estamos nesta pandemia há um ano, já estivemos em picos, em desconfinamento e já sabemos que o caminho deve ser feito de forma planeada e com muita informação. Que as pessoas não esqueçam que, mesmo depois de vacinadas, têm de continuar com todas as medidas de segurança”, sublinhou, após a audiência com o Chefe de Estado.

PAN: “Confinamento é ainda necessário”

André Silva foi o primeiro líder político a concordar com a manutenção das medidas. À saída da audiência com Marcelo, anunciou que o PAN vai votar a favor da renovação do estado de emergência na quinta-feira.

“Se é verdade que o número de casos e internamentos está melhor não é o suficiente para que se possa sair deste panorama de confinamento e restrição de movimentos. O confinamento é ainda necessário para o combate à pandemia”, frisou.

O responsável espera “que o Governo esteja já a preparar” a reabertura gradual da economia e o regresso ao ensino presencial, mas, questionado sobre qual será a melhor altura, não arrisca nenhuma data específica.

“Deverá ser quando os números simultaneamente de transmissão, número de casos diários e internamentos em unidades de cuidados intensivos for tal que se permita desconfinar e regressar às aulas em segurança”, respondeu, citado pelo semanário.

Para André Silva, mais do que falar em saída, “é preciso falar dos apoios à economia, de políticas educativas e da vacinação”. O porta-voz do PAN pediu também que os mais de 10 mil estudantes a estagiar na área da Saúde sejam equiparados aos profissionais de saúde na prioridade da vacinação.

CDS-PP exige calendário do desconfinamento

Esta terça-feira, depois de ter conversado com o chefe de Estado, Francisco Rodrigues dos Santos exigiu ao Executivo a apresentação de um calendário do desconfinamento.

“O sucesso do desconfinamento depende essencialmente do que o Governo for capaz de fazer e controlar a pandemia. Não é aceitável que o Governo esteja sempre a cometer os mesmos erros, a correr atrás dos prejuízos, confinamento atrás de confinamento”, disse o líder do CDS-PP, a partir da sede do partido.

O plano, de acordo com o centrista, deve começar pela reabertura das escolas para alunos até aos 12 anos e o desconfinamento deve ser “progressivo” e “gradual”, de forma a evitar um agravamento da situação epidemiológica, que parece estar a melhorar.

“O CDS exige do Governo a definição de indicadores que permitam o desconfinamento, os indicadores de saúde pública pelos quais se deve começar a planear o desconfinamento à semelhança do Governo inglês. O Governo tem que dizer qual o R, o número de infetados, ocupação de camas em cuidados intensivos e internamentos, para que o nosso desconfinamento seja uma realidade”, acrescentou.

PCP: Escolas “não são o foco da pandemia”

O último partido a ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa foi o PCP. Jerónimo de Sousa defendeu que o Governo deve preparar a reabertura das escolas, considerando que não são locais de contágio da covid-19, e voltou a defender que o confinamento “não pode ser uma solução com uma abrangência maior do que a exceção”.

“A reabertura das escolas pode animar e dar resposta a estes dramas sociais e económicos. Já ficou provado que as escolas não são o foco da pandemia“, disse o secretário-geral comunista.

Jerónimo pediu ainda ao Presidente “cinco prioridades”, que deverão incluir o alargamento de testes à covid-19 e um quadro de rastreio mais alargado. O processo de vacinação foi adjetivado como “turbulento”, com o PCP a afirmar que não encontra tranquilidade nas promessas que têm sido feitas pelo Governo.

Para esta quarta-feira, estão agendadas audiências em Belém com o Bloco de Esquerda, PSD e PS. Na quinta-feira, há o debate e a votação da renovação do estado de emergência no Parlamento.

Liliana Malainho, ZAP //

15 Comments

  1. Qualquer iniciativa de desconfinamento sem estar garantida a imunidade de pelo menos 66,6% da população é puro paraquedismo sem paraquedas! A nossa memória recente alerta-nos para essa ideia!

  2. É cada catedrático a falar sobre o assunto, que até doí…

    Fizeram borrada no Natal, agora, não querem ser eles a tomar a decisão, querem que sejam os outros partidos, o “Game Of Thrones” continua, com a miséria em pano de fundo…

    Falta liderança, falta salada, falta de tudo a quem la está, eu não gosto do Boris, mas ele está certo, dentro do cenário que temos (ou que provocaram) …

    As opiniões não servem de nada, muito menos a minha que é apenas desabafo, mas uma coisa sei, esta gentalha que nos desgoverna, não está a entregar nas empresas o que diz ter entregue, e “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”!
    Esperemos pelos assaltos dos os que já têm fome, talvez os PSP, comece a fazer o seu verdadeiro trabalho ,ao invés de andarem feitos em PIDE mascaraoparanóica…

  3. Mas Marcelo neste caso até tem razão em não mexer.
    Ou já se esqueceram que a seguir ao Natal ele disse que isto podia ir até ao Verão.
    Provavelmente para ele poder ir de férias com a namorada
    O homem das vacinas também queria alcançar 100.000 por dia. A Marta falou em 90.000.
    Esqueceram -se que não comandam a vinda das mesmas.

  4. Enquanto uns sofrem sem rendimentos, sem ajudas…os do costume enchem o papo sentados nos barracos, como sempre sem nada dizer…puderam estão bem na vida há custa do idiota tipicamente português.

    É isso mesmo, andamos aí a descontar pro senhor cigano, aquele que assalta, e que a Polícia faz o seu trabalho de perseguir e combater criminalidade mas q depois é uma polícia racista e xenófoba.

    Acordem pra vida, os ciganos, e as ditas minorias (maior treta do século) é q estão bem na vida, não existissem essas palavras de racismo e xenofobia e era tudo igual, já quando é um cigano a matar um branco ou um preto a matar um branco nada falam contra…só porque somos em maioria! Mas não é racismo.na mesma?? Enfim.

    Quanto ao desconfinamento…bem, aguentem-se, dias piores virão.

  5. As escolas não são foco da pandemia! Será que não?
    Lembrem-se que nas aulas de Educação Física estão todos sem máscara!
    E nestes últimos tempos ouve vários casos originários destas aulas sem protecção.

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