No Egipto, Marcelo culpa “todos” pelo crescimento do Estado Islâmico

António Cotrim / Lusa

O Presidente da República admitiu, esta quinta-feira, no Egipto, culpas de “todos” pelo crescimento do autoproclamado Estado Islâmico e defendeu que Portugal, ao contrário dos EUA, jamais transferirá a sua embaixada para Jerusalém.

Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso pela tolerância e pela paz na milenar universidade de al-Azhar, na cidade do Cairo, e, no fim, respondeu a perguntas, em árabe e tradução simultânea, de uma plateia de estudantes, religiosos e professores.

Uma delas, foi sobre a explicação que dava para o fenómeno do crescimento do autoproclamado Estado Islâmico, que reclamou a responsabilidade por atentados, na Europa e em África.

“Quem teve a culpa fomos nós”, repetindo “nós” por quatro vezes, ocidentais e países islâmicos, mencionando depois que “os europeus foram egoístas” e não deram importância às dificuldades e necessidades sentidas pelas sociedades.

“Quando a sociedade vive em crise, quando a sociedade não responde às necessidades das pessoas, na política não há vazios, alguém o preenche”, afirmou.

Aos europeus, Marcelo Rebelo de Sousa deixou o recado: “Quando culpam o Estado Islâmico, culpem-se a si próprios porque criaram condições para o Estado Islâmico existir”.

A última pergunta do debate foi sobre a Palestina e sobre a criação de um Estado palestiniano.

O Governo português insistiu na tese da coexistência de dois Estados – Israel e Palestina. “Tem que ser aceite um Estado Palestiniano com capital em Jerusalém”, disse o chefe de Estado, recusando introduzir fatores de perturbação.

“Tudo o que unilateralmente crie problemas é algo que Portugal não fará. Não mudaremos a nossa embaixada para Jerusalém”, afirmou o Presidente, muito aplaudido pela plateia.

Esta sexta, último dia da visita oficial, Marcelo vai visitar as pirâmides de Gizé e também se vai reunir a sós com Tawadros II, Papa de Alexandria e patriarca da Sede de São Marcos. Ontem, o Presidente já se encontrou com o seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al-Sisi.

Depois do encontro dom Tawadros II, Marcelo visita ainda a Igreja Ortodoxa Copta de São Marcos e o último ponto da deslocação ao Cairo será uma homenagem às vítimas do atentado de dezembro de 2016, no memorial que lhe é dedicado. Durante a manhã, a comitiva presidencial fará ainda visitas ao Museu Egípcio.

Em toda a estada no Egito, o Presidente português foi acompanhado pelo ministro egípcio das Antiguidades, Khaled al-Anani.

ZAP // Lusa

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