Os diamantes estão cada vez mais mercantilizados – ao ponto de já os poder fabricar na sua própria casa.
Numa época em que se pode comprar praticamente tudo online, não é de admirar que se encontrar também à venda uma máquina de fazer diamantes, que, no site de comércio eletrónico chinês Alibaba custa apenas 180 mil euros.
A disponibilidade deste tipo máquinas reflete uma tendência contínua para a democratização da produção de diamantes — um processo que começou há décadas e continua a evoluir, realça a Wired.
A história dos diamantes cultivados em laboratório remonta a pelo menos meio século.
Segundo conta Javid Lakha, investigador da Universidade de Harvard, num artigo sobre diamantes cultivados em laboratório publicado na revista Works in Progress no mês passado, a primeira síntese bem-sucedida de diamantes em laboratório ocorreu na década de 1950.
Lakha conta como Howard Tracy Hall, químico da General Electric, criou os primeiros diamantes cultivados em laboratório usando o que se designa de um processo de alta pressão e alta temperatura (HPHT) , que imitava as condições em que os diamantes se formam na natureza.
Desde então, a tecnologia de produção de diamantes avançou significativamente. Atualmente, existem dois métodos principais para criar diamantes cultivados em laboratório: o processo HPHT e a deposição química de vapor (CVD).
Ambos os tipos de máquinas estão listados no Alibaba, com preços a partir de cerca de 180 mil euros para as máquinas HPHT e 405 mil para uma máquina CVD.
Embora a ideia de comprar uma máquina de fazer diamantes possa ser intrigante e apelativa, é importante notar que operá-las não é tão simples como ligá-la e ver os diamantes a formarem-se.
De acordo com o artigo de Lakha, estas máquinas requerem uma experiência significativa e recursos adicionais para funcionar eficazmente.
Para uma HPHT, é necessária uma fonte fiável de grafite de alta qualidade (que, curiosamente, cientistas chineses acabam de anunciar serem capazes de produzir com uma pureza de 99,99%), catalisadores metálicos como o ferro ou o cobalto e sistemas precisos de controlo da temperatura e da pressão.
As máquinas CVD requerem um fornecimento constante de gases de metano e hidrogénio, bem como a capacidade de gerar e controlar micro-ondas ou filamentos quentes. Ambos os métodos necessitam de cristais de diamante para iniciar o processo de crescimento.
Além disso, são necessários conhecimentos especializados para gerir os parâmetros de crescimento, manusear com segurança materiais potencialmente perigosos e equipamento de alta pressão, e transformar os diamantes brutos resultantes em pedras preciosas ou componentes industriais utilizáveis.
As máquinas usam também quantidades consideráveis de energia e requerem manutenção regular.
Assim, embora estas máquinas estejam mais acessíveis do que nunca, transformar uma delas numa operação produtiva de fabrico de diamantes exigiria um investimento significativo em equipamento, materiais, conhecimentos e medidas de segurança.
Mas podemos sempre sonhar, certo?
