O manto guarda as respostas aos mistérios da formação e evolução da Terra

O contraste entre a quantidade de água e entre a viscosidade no manto mais profundo e no manto mais perto da superfície pode ajudar a explicar vários mistérios sobre o nosso planeta.

Entre o núcleo e a crosta da Terra, o manto é uma camada de rocha que representa cerca de 85% do volume do planeta. A sua formação levanta ainda muitas questões e um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences procurou responder a estas perguntas.

A pesquisa sugere que pouco depois da formação da Terra, a parte profunda do manto mais perto do núcleo começou por ser bastante mais seca do que a parte do manto mais perto da superfície.

A equipa analisou dados de isótopos de gases nobres e determinou que a zona mais profunda do manto tinha uma concentração de água entre 4 e 250 vezes menor do que a do manto superior, escreve o SciTech Daily.

Como consequência, o contraste na viscosidade das zonas do manto preveniu que estas se misturam-se — e isso pode explicar vários fenómenos geológicos.

“Um contraste primordial entre a viscosidade pode explicar por que é que os impactos gigantes que criaram os oceanos de magma não foram homogéneos no planeta. Também pode explicar porque é que a pluma mantélica nunca experienciou menos processamento pelo derretimento parcial ao longo da história”, explica a autora principal do estudo, Rita Parai.

O estudo desafia a noção que antes era a prevalecente na Geologia de que o manto da Terra era uniforme logo desde o início. Quando o Sistema Solar estabilizou há cerca de 4,5 mil milhões de anos, a Terra formou-se quando a gravidade começou a puxar o gás e pó, nascendo assim o terceiro planeta em torno do Sol.

Os voláteis como a água, o carbono, o nitrogénio e os gases nobres chegaram à Terra quando o planeta se formou, mas a pesquisa sugere que as rochas que se agregaram mais cedo eram mais secas do que aquelas que se agregaram mais tarde.

A investigação concluiu ainda que os isótopos de hélio, néon e xenónio no manto exigem que a pluma mantélica tenha baixas concentrações de voláteis como xenónio ou água no fim do período de acreção, em comparação com o manto superior.

ZAP //

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