O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou este sábado que manter índios em reservas demarcadas é tratá-los como animais nos jardins zoológicos, considerando que estão em “situação inferior” e temendo que as suas terras possam ser no futuro países.
“Ninguém quer maltratar o índio. Na Bolívia, um índio é Presidente [numa referência a Evo Morales, Presidente da Bolívia], porque é que no Brasil devemos mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em zoológicos?”, questionou Jair Bolsonaro, acrescentando: “O índio é um ser humano igualzinho a nós”.
Em declarações à imprensa, no decurso de uma visita a São Paulo, o futuro chefe de Estado do Brasil considerou que o índio ainda está “em situação inferior” à dos restantes brasileiros, o que não pode ser usado como justificação para a demarcação de uma “enormidade” de terras que poderão, no futuro, ser transformadas em “novos países”.
“Não podemos usar o índio, que ainda está em situação inferior a nós, para demarcar essa enormidade de terras que, no meu entender, poderão ser, sim, de acordo com a determinação da ONU novos países no futuro. Justifica, por exemplo, ter a reserva Yanomami duas vezes maior do que o tamanho do estado do Rio de Janeiro para, talvez, nove mil índios? Não se justifica”, frisou o político da extrema-direita, em visita a uma comunidade religiosa.
Bolsonaro foi ainda questionado sobre a capacidade do futuro Governo de conseguir reduzir a desflorestação e a emissão de gases de efeito estufa, metas que fazem parte do Acordo de Paris, relativo às alterações climáticas.
“Sobre o Acordo de Paris, nos últimos 20 anos, eu sempre notei uma pressão externa, e que foi acolhida no Brasil. Por exemplo, cada vez mais demarcar terra para índios, demarcar terra para reservas ambientais, entre outros acordos que, no meu entender, foram nocivos para o Brasil”, exemplifico o antigo capitão do Exército.
// Lusa