Mandado de detenção de Putin prolongará a guerra. Medvedev ameaça TPI com mísseis

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World Economic Forum / Flickr

O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic

O Presidente da Sérvia considerou no domingo que o mandado de captura do chefe de Estado russo, Vladimir Putin, terá consequências negativas e apenas prolongará a guerra na Ucrânia.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu o mandado de captura do líder russo na sexta-feira, acusando-o de crimes de guerra. Putin é acusado de responsabilidade pessoal em sequestros de crianças na Ucrânia durante a escalada da invasão russa no país vizinho, que começou há 13 meses.

“Penso que emitir um mandado de captura para Putin, para não entrar em questões legais, vai ter consequências políticas más, e revela que há uma grande relutância em falar de paz (e) sobre verdade” na Ucrânia, afirmou Vucic aos jornalistas, em Belgrado, citado pela agência Lusa.

“A minha questão é: quando o acusaram dos maiores crimes de guerra, com quem vão falar agora?”, questionou.

“Pensam mesmo que é possível derrotar a Rússia num mês, três meses ou num ano?”, perguntou Vucic, acrescentando: “Não há dúvidas de que o objetivo dos que fizeram isso é dificultar a comunicação de Putin, para que todos os que falarem com ele estejam cientes de que é acusado de crimes de guerra”.

Questionado sobre se Putin será preso se for à Sérvia, Vucic disse que isso “não é uma questão”, porque está claro que enquanto durar o conflito (na Ucrânia), Putin “não terá para onde ir”.

Embora a Sérvia também pretenda ser membro da União Europeia, tem mantido laços estreitos com a Rússia e é o único estado europeu que recusou associar-se a sanções contra Moscovo.

Vucic, um forte opositor aos tribunais internacionais contra crimes de guerra, era um responsável de topo de um partido ultranacionalista cujo líder, Vojislav Seselj, e vários outros membros acabaram em julgamento no Tribunal Internacional por crimes que cometeram durante as guerras dos anos 90.

Em finais da década de 90, Vucic foi ministro da Informação no Governo do Presidente sérvio Slobodan Milosevic, durante a guerra no Kosovo, em que tropas sérvias foram acusadas de vários crimes cometidos contra os separatistas albaneses do Kosovo.

Milosevic foi preso na Sérvia, acusado de crimes de guerra, em 2001. Morreu no Tribunal Penal Internacional, em Haia, em 2006, antes do fim do julgamento por crimes cometidos por tropas sérvias durante a guerra dos Balcãs, em finais dos anos 1990.

“Todos estão à mercê de Deus e dos mísseis”

Numa mensagem partilhada esta segunda-feira, o vice-chefe do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, anunciou que a decisão do TPI terá “consequências desastrosas” para o direito internacional, referindo ainda que “todos estamos à mercê de Deus e dos mísseis”, ameaçando a sede do tribunal, em Haia.

“Decidiram levar a julgamento o Presidente (…) de uma potência nuclear que não faz parte do TPI pelas mesmas razões que os EUA e alguns outros países. É óbvio que a diretiva foi a mais dura possível”, afirmou, numa publicação divulgada no Telegram e citada pela agência TASS.

“Está claro que não há valor prático (…). Mas as consequências para o direito internacional serão desastrosas. Isso significa um colapso das fundações dos princípios da lei, incluindo o postulado da inevitabilidade da punição. Ninguém agora irá voltar-se para as instituições internacionais. Todos estarão a fazer acordos entre si. Todas as decisões tolas da ONU e de outras organizações vão estourar pelas costuras. Um declínio sombrio de todo o sistema de relações internacionais está a chegar. A confiança esgotou-se”, disse ainda.

“Receio, senhores, que todos estamos à mercê de Deus e dos mísseis. É bem possível imaginar como um Onix hipersónico [míssil naval desenvolvido pela Rússia desde 2002] disparado de um navio de guerra russo no Mar do Norte atinge o prédio do tribunal em Haia. Não pode ser abatido, receio. E o tribunal é apenas uma organização internacional patética, não o povo de um país da NATO. Então, eles não vão começar uma guerra. Eles vão ficar com medo. E ninguém se vai arrepender”, ameaçou, avisando os juízes para observarem “os céus de perto”.

TPI deve evitar “dois pesos e duas medidas”

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, apelou esta segunda-feira ao TPI que evite “dois pesos e duas medidas” e respeite a imunidade dos chefes de Estado, durante uma conferência de imprensa, após ser questionado sobre a posição de Pequim em relação ao mandado de captura contra Putin.

Para o responsável chinês, o tribunal deveria “manter uma posição justa e imparcial” e “respeitar a imunidade dos chefes de Estado em relação à jurisdição sob o direito internacional”.

Como avançou o Notícias ao Minuto, Wenbin aconselhou o TPI a não utilizar “dois pesos e duas medidas”, declarando que a instância deve evitar situações de “politização”.

ZAP //

7 Comments

  1. Na lógica destes monstros um criminoso jamais seria julgado! Não se percebe então à luz desta ideia como se procedeu ao julgamento dos responsáveis nazis alemães e japoneses no fim da II G.M.! Estes monstros pretendem agir de não livre sem censura ou acusações sobre os seus actos. Reprimir e perseguir monstros destes é um progresso da Humanidade contra p obscurantismo e o totalitarismo. Agora os fascistas/comunistas tal como já o fizeram no Passado unem-se uma vez mais contra tudo o que seja democrático, livre, decente e de uma Humanidade mais esclarecida e emponderada!

  2. Estes políticos de meia tigela que só pensam nos biliões que podem roubar querem meter medo.
    Os russos invadem a Ucrânia e ainda se acham cheios de razão.
    POBRE HUMANIDADE.

  3. Sérvia na UE??? Parece que não aprendemos nada com a entrada da Hungria!!!
    Têm todo o direito em optar por um regime não democrático mas, não têm lugar na UE, somente por interesses económicos!!
    Mais, está na hora de fazer boicote às Lojas Chinesas em Portugal, se estivermos à espera do nosso Governo, só teremos ação após a próxima Idade do Gelo!!!

  4. Era importante terem a noção que boa parte do mundo não quer saber ou até está do lado chinês ou mesmo russo.
    Até dois importantes aliados americanos mudaram para apoiar os russos: Arábia Saudita e Egipto. Isto tudo porque a hegemonia dos BRICS está galopante, tanto que o governo do Lula não se quis comprometer contra a Rússia.
    Claro que quando falam de países democráticos, há uns “menos” do que outros, mas pergunto: em nalgum houve consulta popular sobre quererem participar na guerra…..??

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