O maior icebergue do mundo encalhou, mas ainda pode ser um perigo para os navios

Theresa Gossman, Matthew Gascoyne, Christopher Grey / BA

Icebergue A23a

Tem uma área maior que toda a Área Metropolitana de Lisboa e andava à solta desde o ano passado. Agora, se ficar preso, não deve constituir perigo para a biodiversidade, mas se se desfizer ainda pode ser uma ameaça.

O maior iceberg do mundo deverá ter ficado a cerca de 70 quilómetros de uma ilha isolada da Antártida, evitando uma colisão contra um importante local de vida selvagem, anunciou esta terça-feira uma instituição britânica.

A plataforma de gelo, conhecida como A23a, que tem uma superfície de 3.360 quilómetros (mais que toda a Área Metropolitana de Lisboa) e um peso de cerca de mil milhões de toneladas, estava à deriva e a caminho para a ilha da Geórgia do Sul, sendo levada desde dezembro poderosas correntes oceânicas.

Esta situação, noticia a agência France-Presse (AFP), levou a receios de que pudesse colidir ou encalhar em águas menos profundas da ilha, podendo implicar a alimentação de crias de pinguins e de focas.

Esta terça-feira, o British Antarctic Survey refere que o icebergue se mantém encalhado a cerca de 73 quilómetros de ilha desde 1 de março.

No entanto, como diz o ecologista Mark Belchier à BBC, a ilha não se livra totalmente de perigo: “se se desfizer, os icebergues resultantes poderão constituir um perigo para os navios, uma vez que se deslocam nas correntes locais e poderão restringir o acesso dos navios às zonas de pesca locais.”

Os pescadores podem também ver-se obrigados a lutar contra grandes pedaços de gelo e isso poderá afetar alguns pinguins-macacos que se alimentam na zona.

“Se o icebergue continuar encalhado, não esperamos que afete significativamente a fauna local“, diz o oceanógrafo Andrew Meijers, responsável pela monitorização da plataforma.O A23a separou-se da plataforma continental da Antártida em 1986, tendo continuado contíguo durante mais de 30 anos, antes de se libertar, em 2020.

Desde aí, tem feito uma lenta viagem para norte, ocasionalmente atrasada por forças oceânicas.

Em janeiro, um pedaço de 19 quilómetros partiu-se, embora os cientistas não consigam prever de forma precisa os efeitos na trajetória e futuro do A23a.

“O futuro de todos os icebergues é que vão morrer. É muito surpreendente ver que o A23a durou tanto tempo e só perdeu cerca de um quarto da sua área”, comenta o professor Huw Griffiths.

// Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.