Um incêndio na instalação de armazenamento de baterias Moss Landing da Vistra Energy, na Califórnia (EUA), destruiu milhares de baterias de lítio. Os especialistas dizem que um cenário destes não se pode voltar a repetir.
Um incêndio na maior instalação de armazenamento de baterias do mundo, na Califórnia, destruiu 300 megawatts de armazenamento de energia, obrigou à evacuação de 1200 residentes da zona e libertou plumas de fumo que podem constituir uma ameaça para a saúde humana e para a vida selvagem.
O incidente destruiu 2% da capacidade de armazenamento de energia da Califórnia, da qual o estado depende como parte da sua transição para utilizar mais energia renovável e menos combustíveis fósseis.
Como relata a New Scientist, o fogo começou na tarde de 16 de janeiro, queimando um edifício de betão cheio de baterias de lítio na instalação de armazenamento de energia de Moss Landing, no condado de Monterey, na Califórnia. A causa do incêndio ainda está a ser investigada.
O edifício destruído era uma das duas instalações de baterias de Moss Landing pertencentes à empresa Vistra Energy, sediada no Texas.
Anteriormente, as suas instalações já tinham sofrido incidentes – embora menos graves – que envolviam o sobreaquecimento das baterias e avarias no sistema de supressão de incêndios.
A instalação que ardeu esta semana tem um sistema de supressão à base de água e – não se sabe ainda por que razão- voltou a falhar.
“Os sistemas de armazenamento de baterias são concebidos com vários níveis de caraterísticas de segurança que visam prevenir e atenuar problemas como o risco de incêndio – infelizmente, ainda podem ocorrer acidentes como o das instalações de Moss Landing”, disse à New Scientist, Maria Chavez, da Union of Concerned Scientists.
Este incêndio afetará seriamente a capacidade global de armazenamento de energia. Como escreve a mesma revista “é um revés na energia limpa”.
“Não podemos ter incêndios destes”
Uma vez que os fogos de lítio ardem a altas temperaturas e emitem substâncias tóxicas como o fluoreto de hidrogénio, nestes casos, os bombeiros deixam o fogo extinguir-se por si próprio em vez de o combaterem diretamente.
Mas estes episódios são muito perigosos para o ambiente e saúde pública.
As plumas de fumo destes incêndios contêm metais pesados e PFAS, mais conhecidos como “químicos para sempre”, explicou Dustin Mulvaney da Universidade Estatal de San Jose, na Califórnia, à New Scientist.
Por seu turno, a reconstrução e a recuperação da capacidade das baterias podem demorar vários anos – o que é, neste momento, mais urgente do que nunca, tendo em conta que a Califórnia já está a enfrentar a necessidade de uma reconstrução extensiva noutros locais devido aos incêndios florestais de Los Angeles.
“Não podemos ter incêndios de baterias como este. Não podemos perder 300 megawatts de baterias de um dia para o outro”, afirmou Mulvaney.