O centrista pró-europeu foi considerado “mais convincente” do que a rival de extrema-direita, no debate televisivo desta quarta-feira à noite, a três dias da segunda volta das presidenciais francesas, indicou uma sondagem.
Um total de 63% dos entrevistados por telefone, no final do debate, considerou Emmanuel Macron “mais convincente”, contra 34% que se pronunciou a favor de Marine Le Pen, de acordo com o estudo difundido pela televisão francesa BFMTV.
Nunca antes a França teve um debate tão áspero e violento como o que ocorreu esta noite, com dois candidatos que possuem projetos muito diferentes, mesmo antagónicos, e divergem também na dialética.
“O senhor Macron é o candidato da globalização selvagem, da ‘uberização’, da precariedade, da brutalidade social, da guerra de todos contra todos, da pilhagem económica dos nossos grandes grupos, do desmembramento da França pelos grandes interesses económicos, do comunitarismo”, acusou Le Pen.
Macron respondeu-lhe à letra, dizendo: “A sua estratégia é dizer muitas mentiras”. “A senhora é herdeira de um sistema que prospera com a ira dos franceses há décadas”, frisou o candidato do movimento “Em marcha”.
Le Pen acusou ainda o rival de ser “complacente com o terrorismo islâmico”. “A segurança e o terrorismo são grandes problemas e estão completamente ausentes do seu projeto”, disse a candidata, com uma voz forte e olhar duro.
Macron, por outro lado, acusou Marine Le Pen de “trazer a guerra civil para o país”. “O que você propõe, como é hábito, é o pó de perlimpimpin. Você faz a guerra contra o terrorismo na televisão, mas cada vez que há propostas de reformas no Parlamento Europeu, você não as vota”, acusou Macron.
O ex-ministro da Economia também prometeu reduzir os impostos para todos os trabalhadores bem como conceder subsídios de desemprego a artesãos independentes, comerciantes e agricultores que vão à falência, mas que atualmente não são elegíveis para os benefícios.
Macron reconheceu que iria aumentar os impostos sobre os reformados que “estão bem financeiramente”. O candidato também acusou Le Pen de não ter um plano para financiar as políticas que propõe.
Após dez dias de uma campanha agressiva entre as duas voltas das presidenciais, Macron, que obteve o melhor resultado na primeira volta, é ainda apontado pelas sondagens como o vencedor a 7 de maio, com cerca de 60% das intenções de voto, mas a margem de avanço em relação a Le Pen está a diminuir.
Num escrutínio muito atentamente observado internacionalmente, os dois candidatos devem convencer os muitos eleitores indecisos a dar-lhes o seu apoio, enquanto se prevê que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% no próximo domingo.
Os seus programas eleitorais estão nos antípodas: Emmanuel Macron é liberal e pró-europeu, Marine Le Pen é anti-imigração, anti-Europa e antissistema.
O primeiro agrada sobretudo aos jovens urbanos, à classe média e ao meio empresarial; a segunda seduz as classes populares, a população rural e uma fatia do eleitorado francês vítima de desemprego endémico.
ZAP // Lusa