O Turismo está “a cumprir bem” o seu papel no combate ao despovoamento, considera o presidente da Turismo Centro, Pedro Machado, que vaticina que “o luxo do século XXI vai ser o Interior de Portugal”.
O líder da Entidade Regional que agrupa cem municípios do Centro do país, muitos deles situados em territórios de baixa densidade, considera que o Interior tem valores exclusivos que asseguram o seu futuro como destino turístico de exceção, capaz de atrair visitantes de todo o mundo.
“A melhor parte do melhor destino do mundo é o Interior do país“, garante Pedro Machado, numa referência ao facto de Portugal ter sido escolhido esta semana, pelo segundo ano consecutivo, como o “melhor destino turístico do mundo”, de acordo com os prémios World Travel Awards.
Em 2017, o país bateu mesmo o recorde de visitantes, acolhendo mais de 24 milhões de turistas e crescendo cerca de 12% ao ano. Para esta proeza contribuiu muito a região Centro, que apresenta níveis de crescimento superiores à média nacional.
Pedro Machado considera que o Interior do país, em especial a zona Centro, é um produto turístico valioso e com muito futuro, uma vez que está longe de esgotar o vasto leque da sua oferta. E nem mesmo os incêndios de 2017, que devastaram a região deixando um rasto de destruição e morte, e a tempestade tropical Leslie, que provocou milhões de euros de prejuízos, ensombram o potencial de crescimento do Interior.
O responsável da Turismo Centro garante que o sector do Turismo tem sido decisivo para travar o avanço da desertificação, atraindo visitantes, mão-de-obra qualificada e moradores a territórios de baixa densidade, que enfrentam problemas difíceis relacionados com o envelhecimento das populações.
Nos últimos anos, implantaram-se em algumas zonas do interior centro do país grandes unidades hoteleiras, os designados “Hotéis Destino”, baseados em modelos de negócios muito competitivos, e que, em alguns casos, têm tanta ou mais notoriedade nos mercados do que a própria região.
Outro factor decisivo no combate ao despovoamento têm sido as dezenas de empresas de animação turística nascidas nos últimos anos no Centro do país.
Lideradas quase sempre por gente jovem, que se instalou no Interior, estas empresas dedicam-se ao chamado turismo activo e desportivo. As suas actividades passam pelo cicloturismo, pedestrianismo, marcha de montanha, ‘rafting‘ e até corridas de carrinhos de rolamentos, como é o caso de uma empresa que se fixou na aldeia de xisto do Mosteiro, em Pedrógão Grande.
“Os melhores percursos para este tipo de actividades estão no Interior do Centro do país”, garante Pedro Machado, que destaca a capacidade de atracção que estas empresas exercem sobre jovens urbanos. “São novas empresas, com novos modelos de negócio, alavancadas por gente jovem”, refere Machado.
O líder da Turismo Centro destaca ainda a contínua “estruturação de novos produtos turísticos” no interior do Centro do país. O turismo religioso de raiz judaica em Tomar, Belmonte, Trancoso e outras zonas da serra da Estrela, atrai gente de todo o mundo interessada em conhecer as sinagogas dos chamados judeus marranos, e a prática de actividades que tiveram de ser escondidas durante séculos.
Em Belmonte, por exemplo, já existem unidades hoteleiras “kosher“, que respeitam as práticas judaicas no que respeita a alimentação e alojamento.
Há diversos nichos de mercado com novos produtos, garante Machado, lembrando o sucesso dos Museu dos Judeus e do vizinho Museu das Descobertas, em Belmonte, terra de nascimento do navegador Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
“O Turismo está a cumprir no Centro o seu papel no combate à desertificação e às assimetrias. Com atitude, novos produtos, novos mercados, apostando na qualidade do serviço e na competitividade dos produtos diferenciados”, resume o presidente da Turismo Centro.
ZAP // Lusa