Parece apenas uma anedota (e também é), mas a partilha da cantautora reflecte sobre algo mais profundo: quem vai ao psicólogo?
Luísa Sobral foi ao psicólogo. Porquê? Está maluquinha?
Esse é o foco de uma partilha que a cantautora fez na sua página do Instagram, que até termina com uma anedota, um momento caricato, mas reflecte sobre algo mais profundo: quem vai ao psicólogo?
A própria cantora começa por contar que cresceu – como tantas outras pessoas – a pensar que só recorre a terapia quem não “fecha bem a mala”.
Luísa estreou-se aos 14 anos numa sessão de psicologia (obrigada pelos pais). Na altura, não comia. Não se lembra de quase nada dessa fase.
Aos 26 anos voltou, por vontade própria. Porque queria falar com uma psicóloga sobre a sua dificuldade em chorar. Foi naquele dia, nunca mais voltou ali.
Voltou mais tarde, quando soube que estava grávida pela primeira vez. E também não marcou nova sessão nesse contexto.
Porque sempre pensou que ir ao psicólogo era ir uma vez e pronto. “Obrigado, agora eu trato do assunto”.
Em 2022, depois do nascimento do seu quarto filho, decidiu cuidar mais de si e voltou a um psicólogo.
Quando se sentou numa sala que parecia ser a sala de espera, o rapaz que estava lá sentado disse, com um sorriso: “Olá Luísa, tudo bem?”.
O homem não era parecido com o homem que estava na fotografia que tinha visto, mas com aquele cumprimento familiar, com o sorriso, afinal aquilo deveria ser o consultório.
Sentou-se, começou a falar sobre a sua vida, cada vez mais aberta, cada vez com mais confiança.
Quando já tinha falado muito, aparece outro homem numa porta: “Luísa, vamos entrar?” – esse sim, era o psicólogo.
Então quem era a pessoa na sala de espera? Técnico de som, com quem já se tinha cruzado num concerto.
Mas este momento caricato até motivou mais Luísa no início da sessão (real): “Deu-me uma boa história para quebrar o gelo assim que me sentei naquele sofá que hoje me é tão familiar” – ou seja, Luísa continua a ir àquele psicólogo.
“Quanto ao rapaz, não sei se se apercebeu do mal-entendido, se achou que eu era uma daquelas pessoas que partilham a sua vida com uma grande facilidade, ou se acabei por cair na categoria daqueles que, em criança, eu julgava serem os únicos clientes dos psicólogos – os que não fecham bem a mala“, finaliza o texto.