A economia explica preços elevados para cada doce. Mas a procura continua. Está mais caro, mas compra-se na mesma.
Estamos na praia e lá passa o vendedor das Bolas de Berlim. Se calhar nem estávamos a pensar naquele monte de açúcar e creme, mas já que está ali à nossa frente, e já que há outras pessoas a comer, também compramos uma.
A Bola de Berlim está mais cara no Verão de 2024. O Observador foi espreitar os preços em diversas praias a Sul do país, essencialmente no Algarve.
Há zonas onde custa 1,50 euros. Mas em diversas praias o preço – que vai variando conforme a praia – não é exactamente esse.
Na praia do Burgau, onde só um vendedor tem uma licença, uma Bola de Berlim custa 2 euros sem creme ou com creme normal; sobe para os 2,5 euros com outros recheios. No ano passado custava 1,80 euros e 2,20 euros, respectivamente. O fabricante subiu o preço, o preço de venda subiu, também numa adaptação à concorrência.
Na praia do Montegordo, a normal custa 2 euros, quando custava 1,70 euros no ano passado. Na praia de Alagoa-Altura, que é praticamente ao lado de Montegordo, custa 1,80 euros – por decisão conjunta dos vendedores.
Mas, se chegarmos à praia do Carvalhal, a Bola de Berlim passa para os 3 euros com creme, ou 2,5 euros sem creme.
Neste ambiente, há casos em que, numa praia onde se vende a 2 euros, se alguém vender a 1,80 euros por unidade, “os concorrentes caem-lhe em cima”.
Custos de produção
Mas quanto custa fazer uma Bola de Berlim?
Sem creme: 30 cêntimos. Com creme: 60 ou70 cêntimos.
Estes custos são muito variáveis porque há vendedores que só compram a bola e colocam depois o recheio, cujo valor varia muito – um recheio de pistáchio chega aos 120 euros por 5 quilos; o creme de ovos custa apenas 4 euros por quilo.
Uma fábrica que produz a Bola de Berlim tem de ter lucro; vende a 90 cêntimos por bola, ou seja, um lucro de 20 ou 30 cêntimos por unidade. Isto sem esquecer que há outros custos, como electricidade, matérias-primas, salários (que muitas vezes têm de ser aumentados para convencer as pessoas a trabalhar neste ramo).
Os vendedores, se compram a 90 cêntimos na fábrica, vendem cada Bola a mais do dobro; embora cada valor dependa sempre da negociação entre vendedores e fábricas.
Lucrativo
No geral, é um negócio lucrativo – mas que só dura dois ou três meses por ano.
Um empresário que tem vários vendedores contou que tira só para ele 54 mil euros num Verão, ao vender 1.500 bolas por dia (que ele e os seus vendedores vendem). Mas, só para esse empresário, um bom Verão rende 54 mil euros.
Portanto, repetimos, a bola de berlim está cara. O preço não podia ser mais baixo? A concorrência na praia não permite. A procura continua, apesar do preço. Os vendedores não venderiam a este preço se não houvesse tanta procura.
E há três factores principais que contribuem para esta procura: é um produto que se associa à praia, um pequeno luxo, não se olha para o preço; a economia comportamental ensina-nos o “efeito de manada”, um comportamento por imitação, comemos por ver os outros a comer; e a mão-de-obra está mais cara.
No meio de realidades e rendimentos muitos distintos, há vendedores que vendem na praia e dividem os lucros com a pastelaria, outros pagam ao fornecedor só a bola e colocam o recheio depois, e há ainda empresários que distribuem os lucros pelos vários vendedores que estão na sua empresa.
Para fechar o capítulo de preços: uma licença para vender na praia custa entre 100 euros e 320 euros. Os critérios dependem, entre licitação ou antiguidade para obter a licença. A origem da Bola de Berlim tem de ser um estabelecimento licenciado.
E, ao contrário do que muitos pensam, este doce não tem de ser transportado num cesto térmico.
E pagam impostos?
Boa piada!!!
Só quando compram as bolas na fábrica, não os vejo a puxar do livro de faturas na praia…
Só compra quem quer… o mais ridículo é que há vendedores que compram as simples para depois as rechearam… tanta mas tanta imaginação…