O ativista luso-angolano Luaty Beirão está novamente em greve de fome e, desta vez, também não fala e recusa vestir-se.
Luaty Beirão, condenado a cinco anos prisão pelo crime de “atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores”, deixou de comer e recusa-se a usar roupas em protesto pela transferência para o Hospital-Prisão de São Paulo, em Luanda, por não concordar em ser levado para um sítio diferente dos outros condenados.
Um familiar de Luaty refere que o ativista iniciou um protesto de nudez, silêncio e fome, recusando-se receber a família. “Disseram-nos que ele não quer receber ninguém e que está nu. Não aceitou receber a comida e que está deitado no chão. Não sabemos de mais pormenores”, cita uma mensagem publicada na página de Luaty Beirão no Facebook.
O rapper e a maior parte dos ativistas condenados no mesmo processo foi transferido da cadeia de Viana para o Hospital-Prisão de São Paulo, onde as condições de detenção são melhores do que as dos que ficam na cadeia de Viana.
Mónica Beirão, esposa de Luaty, afirmou ao Rede Angola que o ativista foi levado contra a sua vontade para o Hospital-Prisão de São Paulo, mas ainda não conseguiu falar com o marido. “Ele se recusa. Não quer falar com ninguém. Foi levado à força. Ele já tinha dito que não queria ir para a prisão de São Paulo”, explicou Mónica Beirão.
O porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Cassoma, garantiu ao Rede Angola que 12 dos 15 ativistas estão no Hospital-Prisão de São Paulo. Os outros três homens, Osvaldo Caholo, Domingos da Cruz e Sedrick de Carvalho, encontram-se detidos na prisão de Caquila, após terem solicitado essa transferência.
Ao jornal Rede Angola, o porta-voz dos Serviços Prisionais não confirmou, nem desmentiu, que Luaty Beirão se encontra em greve de fome, nudez e silêncio.
“Conjunto de malfeitores”
Em março de 2016, o Tribunal de Luanda condenou a penas entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva os 17 ativistas angolanos que estavam desde 16 de novembro a ser julgados por coautoria de atos preparatórios para uma rebelião.
Os ativistas condenados rejeitaram sempre as acusações que lhes foram imputadas e garantiram, em tribunal, que os encontros semanais que promoviam visavam discutir política e não promover qualquer ação violenta para derrubar o regime.
O tribunal rejeitou argumentos da defesa como recolha ilegal de imagens nas reuniões, falta de mandados de captura, ou mesmo que as sessões em causa resultavam do exercício do direito à livre reunião e associação.
O Ministério Público angolano deixou cair a acusação de que estariam a preparar um atentado contra o Presidente, mas classifica-os como um “conjunto de malfeitores”.
Os 17 ativistas condenados são o músico e engenheiro informático luso-angolano Luaty Beirão, o estudante universitário Manuel Chivonde “Nito Alves”, o professor universitário Nuno Dala, o jornalista e professor universitário Domingos da Cruz, o professor primário Afonso “M’banza Hanza”, o professor do segundo ciclo José Hata e o jornalista Sedrick de Carvalho.
O funcionário público Benedito Jeremias, o cineasta Nélson Dibango, o mecânico Fernando António Tomás, o tenente da Força Aérea Osvaldo Caholo, os estudantes Inocêncio de Brito, Albano Bingo Bingo, Arante Kivuvu e Hitler Tshikonde, a estudante universitária Laurinda Gouveia e a secretária Rosa Conde também foram condenados.
ZAP
O CDS acha bem (e o PCP também)!…