Todos da aldeia ganharam a lotaria. Todos…menos um

Prémio do Euromilhões entregue a uma localidade na Bélgica fez lembrar o “homem mais azarado do mundo”. Recordemos o El Gordo de 2011.

Na semana passada o primeiro prémio do Euromilhões – jackpot de 143 milhões de euros – foi ganho por uma comunidade larga na Bélgica.

Olmen é um local tranquilo e pacífico (ou era, até agora) na zona este de Kempen, Antuérpia.

Até que 165 pessoas venceram o grande prémio. Agora cada uma vai receber menos de 900 mil euros cada.

Este caso fez lembrar a estória insólita que decorreu em Espanha, no Natal de 2011.

A lotaria El Gordo, o momento mais aguardado do ano para muitos apostadores espanhóis, distribuiu mais 700 milhões de euros por 70 famílias de Sodeto.

Foi até então o prémio mais elevado de sempre na lotaria nacional e foi a primeira vez que foi vencido por uma aldeia.

Todas as famílias da pequena aldeia, no Nordeste de Espanha, apostaram naquela lotaria que foi sorteada no dia 22 de Dezembro de 2011.

Ou melhor, quase todas as famílias apostaram.

Costis Mitsotakis ficou de fora. O grego decidiu não apostar naquele dia e, por isso, a sua família foi a única em Sodeto a não ficar com mais de 10 milhões de euros.

Costis é cineasta. Oito anos mais tarde, estreou um documentário sobre…este caso. Sobre o pós-lotaria na aldeia onde vivem sobretudo agricultores e trolhas.

Em entrevista ao jornal El Periódico, o “homem mais azarado do mundo” – ficou conhecido assim – contou que, no início, nem percebeu porque havia tanto entusiasmo no centro da aldeia. “Peguei na câmara e fui para lá filmar. Pensei que eles tinham ganhado 5 mil ou 10 mil euros. Para mim, aquilo era um exagero”.

O grego não venceu parte do primeiro prémio da lotaria mas foi “sortudo de outra forma”.

E explicou porquê: “Duas semanas depois do sorteio, o jornal The New York Times apareceu na aldeia. E eles não sabiam, nem que havia uma pessoa que não tinha ganhado, nem que eu tinha filmado a loucura colectiva”.

Depois o artigo saiu na capa do jornal, já em Fevereiro de 2012, e a partir daí a sua vida mudou: muitas chamadas e um e-mail de um produtor dinamarquês, que queria produzir o seu documentário – que estreou em 2019.

Os habitantes naquela aldeia não ficaram excêntricos, de acordo com o cineasta. “Tinham as coisas muito claras. Muitos estavam atolados em empréstimos e conseguiram livrar-se deles”.

“A maior mudança? Alívio. Ah, e outra coisa que reparei: antes as chaves estavam por fora das portas; agora estão por dentro”, descreveu.

Nada de extravagâncias, além de um ou outro carro de luxo e uma ou outra viagem.

E não sobrou nenhuma “migalha” para o azarado lá do sítio? “Sim, dois vizinhos tiveram um gesto comigo”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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