Filme chega esta quinta-feira às salas de cinema após anos de críticas, desde o papel retrógrado dos anões, à pele não tão branca como a neve da personagem principal — e também há conflitos geopolíticos nos bastidores.
O remake live-action de Branca de Neve só chega esta quinta-feira aos cinemas portugueses, mas já conseguiu levantar polémica por todos os lados.
A Disney optou por modernizar a clássica Branca de Neve de 1937 com uma reformulação do papel dos sete anões para uma versão apelidada de “woke” que foi abandonada: não, os anões não têm diferentes alturas, géneros ou etnias como se especulou.
Mas a viagem da personagem principal sofreu uma reformulação e atraiu críticas, por se afastar demasiado da história original.
E é essa diferença de tratamento entre a Branca de Neve e os sete anões que o ator Peter Dinklage, que sofre de nanismo e faz de Tyryon Lannister em ‘A Guerra dos Tronos’, critica no novo filme.
“Não faz sentido para mim, porque és progressista de uma forma e depois continuas a fazer aquela história retrógrada de sete anões a viver numa caverna”, disse num podcast.
Logo de seguida, a Disney procurou “membros da comunidade de nanismo” para resolver quaisquer estereótipos. Veremos a partir desta quinta-feira como isso correu.
Rachel Zegler como Branca de Neve também é polémico
A escolha de Rachel Zegler, de ascendência colombiana e polaca, para o papel de Branca de Neve, também suscitou debate, por, segundo alguns, não se enquadrar na descrição tradicional da personagem, que tem “pele branca como a neve”, daí o nome.
A atriz veio de certa forma piorar as coisas para o seu lado, ao dizer que viu o filme apenas uma vez em criança e que não gostou por ser assustador. Disse também que o remake agora lançado afasta-se da ideia retrógada do original e a retrata como uma líder determinada a cumprir o legado do seu falecido pai, em vez de esperar “morta” pelo resgate de um príncipe.
“O que quero dizer é que já não é 1937”, disse a atriz em 2022, durante as gravações do filme.
“Ela não vai ser salva pelo príncipe e não vai estar a sonhar com o amor verdadeiro — ela está a sonhar em tornar-se a líder que sabe que pode ser e a líder que o seu falecido pai lhe disse que ela poderia ser se fosse destemida, justa, corajosa e verdadeira”, explicou.
Tensões políticas no elenco
Para além das escolhas de elenco e de narrativa, o filme também tem estado envolvido em controvérsia geopolítica devido às diferentes posições políticas dos seus atores principais. Zegler tem-se manifestado abertamente a favor de uma Palestina livre, enquanto a atriz israelita Gal Gadot (no papel da Rainha Má) e ex-membro das Forças de Defesa de Israel, tem apoiado publicamente Israel desde o início da incursão terrestre na Faixa de Gaza que já matou mais de 50 mil pessoas.
A atriz tornou-se esta quarta-feira a primeira mulher israelita com estrela no Walk of Fame de Hollywood. Já há uns anos, os planos para um filme sobre Cleópatra protagonizado pela israelita desencadearam um acalorado debate nas redes sociais, com algumas pessoas a insistir que o papel deveria ir para uma atriz árabe ou africana.
Gadot não esteve presente na estreia europeia de Branca de Neve em Espanha, ao contrário de Zegler.
Mas a Disney está calma. A produção de 300 milhões de dólares chega para dar vida ao clássico adorado, com ligeiras mudanças que, pelo menos, fazem da adaptação um dos projetos da Disney mais debatidos.