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Polícia e confusão: 105 espaços encerrados na “verdadeira casa da música” do Porto

A grande maioria das lojas do Stop, conhecido centro comercial na cidade, foi encerrada. Ordem da Câmara Municipal do Porto.

A Rua do Heroísmo, perto da estação em Campanhã, viveu uma manhã diferente das outras, nesta terça-feira.

O centro comercial Stop, muito conhecido no Porto, ficou com poucos espaços abertos.

A Polícia de Segurança Pública, por ordem da Câmara Municipal do Porto, fechou 105 das 126 lojas do centro comercial.

A autarquia justifica o encerramento dos espaços – que já tinha sido “ameaçado” no ano passado – com a falta de licenças de utilização para funcionamento. Em causa estarão falhas nas medidas de protecção contra incêndio.

Ficam abertas apenas as 21 lojas que têm “as devidas licenças de utilização”. Assim, não há um encerramento total do Stop.

A Câmara Municipal do Porto acrescenta em comunicado que o processo arrasta-se há mais de 10 anos e que tem recebido diversas queixas “da vizinhança” por causa do som.

“É mentira. Os moradores preferem ter um hotel“, reagiu o presidente da Associação de Músicos do Stop, Rui Guerra, na rádio Observador.

O Stop passou a ser casa de inúmeros artistas e grupos musicais, ao longo dos últimos anos, que lá realizavam ensaios, gravações e mesmo concertos.

Rui Guerra disse que ninguém foi avisado que isto ia acontecer e, agora, quase 500 artistas ficam sem “ter para onde ir”.

Ao longo da manhã viam-se no passeio músicos com instrumentos e outros equipamentos musicais nas mãos, a tirar tudo do centro comercial. Quem não conseguiu, pode pedir autorização especial para retirar o material a partir de amanhã, quarta-feira.

Pelas redes sociais, já se lança um apelo entre artistas: “Advogado, precisa-se!”.

“Tendo em conta a quantidade de projectos e artistas e bandas que cá estão isto vai ter um impacto tremendo não apenas na cultura local, mas na cultura nacional também. O impacto é irrecuperável porque as pessoas vão ter de procurar espaços alternativos para ensaiar ou para ter um estúdio e não me ocorre nada sequer para albergar tanta gente”, comentou Bruno Costa, da direção da associação Alma Stop, no Porto Canal.

O Centro Comercial Stop é, para muitos músicos, a “verdadeira casa da música” do Porto, lembra o Expresso.

Vão deixar o rock, o punk, o metal (e muita música underground) morrer no Porto? – é a questão do Loud Magazine.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, disse no ano passado que os músicos podiam ocupar dois pisos do Silo Auto, perto do Bolhão. Os artistas não terão aceitado a proposta.

ZAP //

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