Um canadiano abriu aquela que é tida como a única loja física da América do Norte a vender heroína, cocaína, metanfetaminas, MDMA e outras drogas.
“The Drugs Store” pode ser livremente traduzido por “A Loja das Drogas” e já está aberta aos clientes em Vancouver, na Colúmbia Britânica.
Embora a província tenha leis sobre drogas bastante progressivas, a loja está a funcionar de forma totalmente ilegal. Jerry Martin, de 51 anos, abriu a loja esta quarta-feira em Downtown Eastside, um bairro considerado a estaca zero da epidemia de overdoses no Canadá.
A Colúmbia Britânica iniciou recentemente um projeto-piloto de descriminalização de drogas, com a duração de três anos, para a posse de pequenas quantidades de opiáceos, cocaína, metanfetaminas e MDMA, mas a venda continua a ser proibida.
Em entrevista à VICE, Martin sugere que abriu a loja com boas intenções. O canadiano quer dar às pessoas drogas que tenham sido testadas e que não contenham adulterantes.
“As pessoas estão a morrer”, disse Martin à VICE. “Especialmente agora, permitiram que toda a província consumisse estas drogas. Mas não forneceram um abastecimento limpo e seguro. Estão a obtê-lo a partir do mesmo fornecimento que está a provocar overdoses em toda a gente”.
Recentemente, o Governo do Canadá atribuiu à empresa Adastra Labs uma licença de produção e distribuição de cocaína, num esforço para melhorar as condições de segurança dos toxicodependentes no país.
A Adastra Labs, empresa especializada no processamento de canábis, anunciou ter recebido aprovação da autoridade de Saúde do país para fornecer drogas e substâncias controladas, permitindo lidar com até 250 gramas de cocaína e importar folhas de coca para fabricar e sintetizar a substância.
Por sua vez, Martin tem vendido um máximo de 2,5 gramas de droga a cada pessoa. É precisamente esta a quantidade que a política de descriminalização de droga permite que uma pessoa tenha sem enfrentar consequências criminais.
Martin está a cobrar preços de rua, com gramas de cocaína e de metanfetamina a custar 90 e 50 dólares, respetivamente.
Além disso, vai ainda verificar os documentos de identificação para se certificar de que os clientes são maiores de idade. No futuro, os compradores terão também que assinar um termo de responsabilidade a indicar que já consumiram as drogas que estão a comprar.
A “The Drugs Store” é uma loja móvel, embora Martin quisesse que fosse uma loja tradicional. A sua condenação por tráfico de canábis não o ajudou a conseguir um bom crédito.
Martin usa um colete à prova de facadas por precaução e disse que está a manter uma quantidade mínima de drogas no local para reduzir o risco de roubo.
O canadiano corre um risco real de ser preso. Se isso acontecer, o seu advogado já preparou argumentos para lançar um desafio constitucional.
“Ele alegará que as leis que impedem um abastecimento seguro e resultam em morte por envenenamento violam a secção 7 da Carta dos Direitos e Liberdades e devem ser anuladas”, disse o seu advogado, Paul Lewin, citado pela VICE.