Quem dura mais: Liz Truss ou uma alface? Jornal britânico está a fazer a experiência

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O jornal Daily Star colocou a primeira-ministra britânica Liz Truss numa “corrida” contra o tempo com… uma alface, para ver quem aguenta mais tempo. Aceitam-se apostas para saber se Truss aguentará no cargo para lá dos 10 dias de validade esperados do legume.

“Liz Truss ainda será primeira-ministra dentro do prazo de validade de 10 dias de uma alface?” A pergunta do Daily Star acompanha o vídeo publicado no YouTube, onde aparece uma fotografia da primeira-ministra ao lado de uma alface com uma cabeleira loura.

A “experiência” decorre desde sexta-feira, 14 de Outubro, com o vídeo a ser transmitido em directo, para acompanhar a evolução da validade da alface – e quem sabe, de Liz Truss.

Em rodapé, vai passando continuamente a frase “Liz Truss não se demitiu (ainda)”.

A primeira-ministra britânica está há cerca de um mês no cargo, mas está a viver tempos difíceis e já é menos popular do que Boris Johnson, o seu antecessor.

Liz Truss tomou posse em Setembro, prometendo reactivar a economia e colocar o Reino Unido no caminho do “sucesso a longo prazo”, mas a instabilidade e incerteza estão a marcar o seu início de mandato.

Na última semana, foi obrigada a demitir o seu ministro das Finanças depois de um polémico pacote fiscal que incluía cortar impostos aos mais ricos, e que foi altamente criticado, inclusive pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E as agências Fitch e Standard and Poor’s reduziram as previsões para o ‘rating’ do Reino Unido.

Truss escaldada na estratégia que cozinhou

A estratégia do Governo de Truss que passava por injectar milhares de milhões de libras na economia aumentou o risco de agravamento da inflação, o que forçaria o Banco de Inglaterra a aumentar as taxas de juro, com impacto nos créditos à habitação.

A libra caiu para um mínimo histórico em relação ao dólar norte-americano e os juros sobre a dívida soberana dispararam devido à preocupação com a estabilidade das finanças públicas, aumentando os custos do endividamento do Estado.

A 28 de Setembro, o Banco de Inglaterra anunciou uma rara intervenção de emergência para comprar milhares de milhões de libras de títulos do Tesouro a longo prazo para estabilizar o mercado e proteger os fundos de pensões.

Os fundos foram forçados a vender títulos para evitar preocupações com a liquidez, o que ameaçava graves consequências para as pensões de reforma dos trabalhadores.

A volatilidade nos mercados financeiros e as críticas internas levaram o Governo de Truss a desistir da abolição do escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos para os contribuintes mais ricos. O ministro das Finanças acabou a dizer que foi uma “distracção” do resto das medidas.

Após as ameaças de revolta dentro do Partido Conservador, Liz Truss foi forçada a despedir o ministro das Finanças e a abandonar a promessa de manter o imposto sobre as empresas em 19%, aceitando aumentar para 25% em Abril, para robustecer as contas públicas.

Deu também a entender que poderá fazer cortes na despesa pública ao antecipar “eficiências” e avisou que “a despesa crescerá menos rapidamente do que anteriormente previsto”.

Conspiração interna para a derrubar

É possível que os mercados financeiros permaneçam voláteis até o Governo divulgar o plano económico completo a 31 de Outubro, incluindo a análise independente do impacto nas finanças públicas.

Os investidores querem garantias de que o governo está empenhado em reduzir a dívida como percentagem do Produto Interno Bruto, uma vez que o Reino Unido se encontra numa crise económica e está em risco de entrar em recessão.

A nomeação do centrista Jeremy Hunt foi bem recebida no Partido Conservador, mas muitos deputados continuam irritados com Liz Truss, responsabilizando-a pela queda nas sondagens, onde estão cerca de 30 pontos percentuais atrás do Partido Trabalhista.

A imprensa britânica tem especulado sobre conspirações para derrubar e substituir Truss antes das próximas eleições legislativas, mas as regras estipulam que não pode existir uma moção de censura interna até Setembro de 2023.

ZAP // Lusa

3 Comments

    • Na eleição de Truss não houve quotas para mulheres e a própria Truss não se identificou como Feminista, além disso homens de meia idade e conservadores nunca elegeriam uma Feminista, por isso não cole etiquetas onde não há.

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