Negócios de Zé Luís e Nakajima deixaram FC Porto a dois dias de não poder disputar a Liga dos Campeões. Declarações do ex-treinador depois do jogo com o Inter “enterraram” relação. Revelações do novo livro do ex-Presidente dos dragões.
O ex-presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, faz revelações sobre decisões financeiras “ruinosas” que quase impediram o clube de participar na Liga dos Campeões em 2022.
Do livro “Azul até ao Fim”, que será lançado na próxima semana, já se conheciam algumas passagens, nomeadamente a lista de pessoas que Pinto da Costa gostaria de ter no seu funeral — Fernando e Sandra Madureira estão convidados, mas André Villas-Boas não.
Esta terça-feira, o Jornal de Notícias avança que o ex-dirigente revela na nova obra que o clube esteve a dois dias de não conseguir cumprir os requisitos financeiros para participar na maior competição europeia de futebol devido a dívidas significativas.
Tais dívidas resultaram principalmente das contratações de Zé Luís e Nakajima, que Pinto da Costa classifica como “atos de gestão ruinosos”.
No livro, no entanto, Pinto da Costa assume a responsabilidade por estas decisões: apesar da “pressão” exercida pelo então treinador Sérgio Conceição para a aquisição dos dois jogadores, a direção do clube errou ao ceder a essa pressão. “A pressão que o treinador” fez “não servia de desculpa”, cita o JN: “Os culpados fomos nós em ceder a essa pressão”, esclarece.
O antigo presidente, que batalha de momento contra um cancro na próstata, admite ter ameaçado com a sua demissão caso os dragões não pudessem disputar a Liga dos Campeões.
“Já tinha avisado os meus colegas que, se tal acontecesse, me demitia. E expliquei-lhes que não havia outra solução, pois essas dívidas eram fundamentalmente por dois atos de gestão ruinosos — a compra de José Luís e do Nakajima”.
Declarações pós-Inter “enterraram” relação com Conceição
Pinto da Costa aborda ainda o fim da relação com Sérgio Conceição.
Segundo o ex-presidente, em 2023, tomou a decisão de não renovar o contrato com o treinador após declarações feitas por este após um jogo entre o FC Porto e o Inter de Milão, um empate a zero que ditou o fim daquela campanha portista na Champions.
“Tudo o que temos feito aqui com 30% da equipa B, outros 40% que fomos buscar a equipas médias — Paços de Ferreira, Santa Clara, Famalicão, Rio Ave. E depois o mérito é zero“, disse, na altura, Sérgio Conceição.
“É preciso reconhecer que foram muito difíceis estes meus cinco anos e meio no FC Porto, com fair-play financeiro, sem poder ir buscar nenhum jogador e só vender para equilibrar. É um trabalho difícil e que não é reconhecido“, concluiu o ex-treinador dos azuis e brancos.
Segundo excertos a que o JN teve acesso, Pinto da Costa esclarece que, depois de ouvir estas palavras de Conceição, disse a si mesmo: “BASTA!“.
“Porque faço da lealdade uma condição essencial para conviver, depois das declarações de Sérgio Conceição após o jogo FC Porto-Inter, não tenho condições de pensar em renovação, e depois desta desilusão, disse a mim mesmo: BASTA!”, lê-se.
A decisão terá marcado o fim de uma longa colaboração entre o clube e o técnico, apesar de o técnico ter renovado contrato com os azuis e brancos, a dois dias das eleições.