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Está em Portugal (e pode ser seu) o mais antigo livro de receitas de chocolate do mundo

ANNO

O primeiro livro no mundo sobre o chocolate está à espera de um novo dono, em Guimarães.

É um raro manuscrito com 400 anos, chama-se “Un Discurso del Chocolate”, acredita-se ser o livro mais antigo inteiramente dedicado ao chocolate e está prestes a ser leiloado em Portugal.

O volume histórico, impresso em Sevilha em 1624 pelo médico espanhol Santiago de Valverde Turices, é uma de três cópias conhecidas — as outras duas únicas cópias da obra estão preservadas na biblioteca nacional em Madrid e na Universidade de San Diego na Califórnia.

A obra contém — além de deliciosas receitas — todo um compêndio de exploração científica. Desde orientações práticas a análises culturais, o livro chega a explorar a natureza complexa do chocolate e no seu impacto no corpo humano ao longo de cinco secções.

“Seis libras de cacau, uma de anis, meia de canela, cinco de açúcar, duas onças de pimenta negra, meia de cravinho, quatro pimentos caribes [picantes]”, recomenda uma das receitas propostas por Valverde Turices, citada pelo Público.

Aos olhos de Turices, o chocolate e as suas características “quentes, húmidas e gordurosas” atingem toda uma outra perspetiva.

O autor descreve a história do doce mais adorado do mundo, desde o seu cultivo conhecido mais antigo pela cultura Mayo-Chinchipe no que é agora o sudeste do Equador, há mais de 5.300 anos, até ao seu estatuto reverenciado entre os povos indígenas da América Central, como os Olmecas, Maias e Astecas, culturas que consideravam sagrada a árvore de cacau, com a qual faziam xocoatl (“água amarga”), bebida espumosa que seria melhorada com pimenta e baunilha — outra doce essência com uma rica história.

Liderada por Hernán Cortés, foi a conquista espanhola do Império Asteca que desencadeou esta longa jornada do chocolate, que passou de um elemento básico mesoamericano antigo para uma iguaria europeia.

Os espanhóis modificaram a receita tradicional, adoçando-a com açúcar ou mel e adicionando especiarias como canela e baunilha, transformando-a na bebida amada que abriria caminho para a abertura de casas de chocolate por toda a Europa no século XVII.

O leilão, organizado pela casa vimaranense ANNO, só é possível graças à coleção de José Augusto Correia de Campos, militar português, autor e arqueólogo, que faleceu em 1977.

ANNO

José Augusto Correia de Campos

O leilão — que também inclui uma rara Bíblia proibida, impressa em 1555 — terá início este sábado pelas 22h, com um preço inicial de dois mil euros.

ZAP //

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