Licenças de petróleo em leilão põem os gorilas do Congo em risco

mauro gambini / Flickr

Gorila da montanha no Parque Nacional de Virunga.

Apesar dos crescentes apelos dos ativistas das alterações climáticas, a República Democrática do Congo diz estar a avançar com os seus planos de leiloar a grande maioria dos blocos de perfuração de petróleo e gás.

O Ministério dos Hidrocarbonetos afirmou numa declaração que 27 blocos de petróleo e 3 de gás seriam leiloados, um aumento em relação aos 16 blocos a que o país se comprometeu inicialmente em maio.

Os blocos incluem áreas que chegam ao Parque Nacional de Virunga, um santuário para gorilas de montanha em extinção no leste do Congo.

Didier Budimbu, ministro dos Hidrocarbonetos do país, referiu esta terça-feira que a exploração petrolífera iria beneficiar a população congolesa.

“O presidente, Felix Tshisekedi, tem uma visão e quer tirar a sua população da pobreza”, garantiu Budimbu, durante uma conferência de imprensa.

A República Democrática do Congo (DRC) tem mais de 27 milhões de habitantes, incluindo mais de 3 milhões de crianças, que não têm alimentos suficientes — um terço da população do país — e mais de 5 milhões de pessoas deslocadas internamente, de acordo com o Conselho Norueguês para os Refugiados.

Uma petição assinada por mais de 100.000 pessoas pede ao Presidente da DRC, Felix Tshisekedi, para pôr fim ao desenvolvimento de novos campos de petróleo e gás no país, de acordo com um comunicado de imprensa da Greenpeace EUA.

“Apenas seis meses após assinar um acordo de proteção florestal no valor de 500 milhões de dólares na COP26, o governo congolês declara guerra ao nosso planeta com petróleo e gás”, acusou Irene Wabiwa Betoko, líder do Projeto Internacional para a floresta da Bacia do Congo, da Greenpeace África.

“O preço imediato será pago pelas comunidades congolesas, que não têm conhecimento do leilão, nem foram consultadas ou informadas sobre os riscos para a sua saúde e subsistência. Muitas delas erguer-se-ão contra isso — e nós estaremos com elas”, assegurou Betoko, citado pela CNN.

Budimbu pressionou os críticos dos leilões, dizendo que as organizações não governamentais não podem ditar a forma como um país é liderado.

“A opção que tomámos foi a de dar às pessoas dos meios mais pobres, para tentarem melhorar as suas vidas através da economia, por isso 100.000 assinaturas está bem, mas há congoleses que precisam de comer”, atirou Budimbu.

O Parque Nacional Virunga situa-se nos vulcões cobertos da floresta da África Central e alberga mais de metade da população global de gorilas de montanha. É Património Mundial da UNESCO e é a área protegida mais biologicamente diversa de África.

A expansão das licenças de perfuração de petróleo é um dos exemplos do aumento da exploração e utilização de combustíveis fósseis no meio da crise energética global. O leilão está previsto para 28 e 29 de julho.

Alice Carqueja, ZAP //

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