Depois do grupo extremista Boko Haram ter divulgado um vídeo esta quinta-feira – onde mostrava alegadamente as dezenas de jovens estudantes raptados na madrugada de sábado no norte da Nigéria – pelo menos 344 estudantes foram libertados, anunciaram as autoridades.
Centenas de menores foram raptados, na região norte da Nigéria, na madrugada de sábado por homens armados, que alegadamente operam para o grupo jihadista Boko Haram, cuja área de influência fica centenas de quilómetros mais a leste.
O rapto dos alunos da Escola Secundária de Ciências, um colégio público masculino na cidade de Kankara, no estado de Katsina, foi reivindicado pelo líder do Boko Haram, Abubakar Shekau.
Em declarações a órgãos de comunicação locais, o governador de Katsina, Aminu Masari, disse que os alunos estavam num bosque em Tsafe, no estado vizinho de Zamfara, desde o rapto, estando a caminho de Katsina, onde devem chegar ainda esta sexta-feira.
“Estamos muito felizes por anunciar o resgate dos rapazes de Kankara. Pelo menos 334 estão já com agências de segurança e serão levados para Katsina”, afirmou o governador, numa mensagem difundida na rede social Twitter.
“Terão a atenção e os cuidados médicos adequados antes de se reunirem com as famílias”, acrescentou Masari, sem adiantar pormenores sobre a libertação dos estudantes.
Também no Twitter, o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, saudou a libertação dos estudantes: “É um grande alívio para todo o país e para a comunidade internacional. O país agradece ao governador Masari, às agências de segurança, exército e à polícia”.
Raptores divulgaram vídeo com os estudantes
A libertação foi anunciada algumas horas depois do Boko Haram ter difundido um vídeo que mostra alegadamente mais de 300 estudantes raptados, com o rosto coberto de pó e arranhado.
O número exato permanece pouco claro, com as autoridades a anunciarem entre 330 e 400 estudantes desaparecidos, mas, no vídeo, um dos rapazes disse ser um dos 520 estudantes raptados e que alguns deles foram mortos.
As crianças surgem com ar abatido, amontoadas numa floresta e em condições sanitárias muito degradadas.
“Fomos capturados pelo grupo de Abubakar Shekau [líder do Boko Haram]. Alguns de nós foram assassinados”, afirmou o estudante em inglês e em hausa, idioma falado principalmente no norte da Nigéria.
Um homem que se apresenta como Abubakar Shekau transmite ainda uma mensagem de voz na qual diz: “Estes são os meus homens e estes são os vossos filhos”.
O ataque, que faz lembrar o caso de 276 raparigas raptadas em Chibok, em 2014, é um golpe para o Presidente nigeriano Muhammadu Buhari, que quando chegou ao poder, em 2015, fez da luta contra o Boko Haram a sua prioridade.
Até agora, a violência jihadista já causou 36 mil mortos na Nigéria e levou cerca de dois milhões de pessoas a fugirem das suas casas, de acordo com dados da ONU.
Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa