Leydy Pech, a “guardiã das abelhas sagradas”, venceu a batalha contra a Monsanto

cidh / Flickr

Leydy Pech

Para os Maias, a espécie Melipona beecheii é muito mais do que uma simples abelha. O mel feito pelo animal, a que os maias chamam “xunan kab”, tem sido usado há muito tempo numa bebida sagrada e como remédio para tratar uma série de doenças, desde febre a picadas de insetos.

Atualmente, nas florestas tropicais da península mexicana do Yucatán, os apicultores mais tradicionais ainda cultivam estas abelhas.

Segundo o Atlas Obscura, em 2012, o Governo mexicano concedeu permissão à Monsanto para plantar soja geneticamente modificada em Campeche e noutros estados da península do Yucatán sem consultar previamente as comunidades locais.

Os grãos de soja são concebidos para suportar altas doses do controverso herbicida Roundup – a exposição ao seu principal ingrediente, o glifosato, tem um impacto negativo sobre as abelhas, ao prejudicar o comportamento e a alterar a composição do microbioma intestinal dos animais.

A partir desse ano, as abelhas dos apicultores maias começaram a ficar desorientadas e até a morrer.

Revoltada pela nova ameaça, Leydy Pech, apicultora de uma pequena cidade de Campeche, liderou um ataque ao programa Monsanto em múltiplas frentes, que abrangia a legal, a académica e até a indignação pública.

O cerne do argumento legal de Pech era que o Governo tinha violado a sua própria lei ao não consultar as comunidades indígenas antes de conceder a licença à empresa. Em 2015, o Supremo Tribunal do México concordou unanimemente e, dois anos mais tarde, o Governo revogou a autorização para a plantação das culturas.

Mais do que uma luta pela proteção da abelha sagrada, a campanha tinha como objetivo proteger ecossistemas inteiros, as comunidades que deles dependem e um modo de vida cada vez mais ameaçado pelo aumento da agricultura industrial, alterações climáticas e desflorestação.

“As abelhas dependem das plantas da floresta para produzir mel”, disse a apicultora ativista em declarações ao programa radiofónico Living on Earth, no ano passado. “Menos floresta significa menos mel, o que, por sua vez, significa menos dinheiro para as famílias que dependem das abelhas para viver.”

ZAP //

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