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Tratamento contra VIH poderia ser mil vezes mais barato: apenas 25 euros por ano

Gilead Sciences Inc.

Um medicamento com potencial para “acabar com a pandemia do VIH” vai ser lançado nos EUA esta semana. Um novo estudo revelou que poderáia ser vendido por 1.000 vezes menos do que o seu preço estimado.

A farmacêutica norte-americana Gilead, fabricante do Lenacapavir nos EUA, está a ser pressionada a tornar o medicamento “disponível e acessível a todos os que dele necessitem”.

De acordo com os resultados dos ensaios clínicos a que foi submetido, este medicamento, administrado numa injeção semestral, previne a infeção pelo VIH.

A empresa ainda não divulgou o preço do medicamento, mas estima-se que esteja provavelmente ao mesmo nível dos medicamentos preventivos atuais, em cerca de 25 mil dólares (22 mil euros) por ano. Já o tratamento para pessoas que já vivem com VIH teria custo anual de cerca de 39.000 dólares.

Segundo o The Guardian, no entanto, um estudo da Universidade de Liverpool sugere que o medicamento poderia ser produzido por apenas 25 dólares por ano, preço que ainda iria proporcionar uma margem de lucro de 30%.

Segundo Andrew Hill, o preço estimado do Lenacapavir tornao inacessível em muitos países com epidemias de VIH, o que só iria piorar a situação. “Mesmo os países de rendimento elevado não conseguirão suportar o uso em larga escala do lenacapavir a preços acima dos 20.000 dólares por ano”.

No ano passado, Hill tinha calculado que o medicamento poderia ser produzido de forma viável com preço de 40 dólares por ano, mas o interesse dos fabricantes de genéricos justificava uma nova análise.

Num novo estudo, Hill mostra que o Lenacapavir poderia ser produzido em massa por 35 a 46 dólares por ano, se houvesse uma procura anual de 2 milhões de doses, caindo para 25 dólares com a produção em escala de 5 a 10 milhões de doses por ano.

Em 2023, registaram-se 1,3 milhões de novas infeções por VIH. A Organização Mundial de Saúde afirma que cerca de 10 milhões de pessoas têm necessidade de medicamentos de prevenção do VIH.

“Temos instado a Gilead a disponibilizar o Lenacapavir a preços acessíveis a todos os que dele necessitem. A investigação do Dr. Hill indica que esta inovação revolucionária poderá, no prazo de um ano após o lançamento, ser produzida e vendida por apenas 25 dólares por pessoa por ano”, diz Winnie Byanyima, diretora executiva da UNAIDS.

Cobrar 1.000 vezes mais por um medicamento com potencial para acabar com a pandemia seria repugnante. Não podemos acabar com a SIDA com medicamentos tão caros”, realça a diretora da agência da ONU de combate ao VIH.

Winnie Byanyima afirma que os medicamentos preventivos de ação prolongada, como o Lenacapavir, poderiam representar um avanço para os países mais afetados e “fechar a torneira a novas infeções”.

Byanyima pede à Gilead que “faça a coisa certa: salve inúmeras vidas“.

A Gilead tem acordos com seis empresas de genéricos para permitir a produção de versões de baixo custo do Lenacapavir para 120 países de baixo rendimento, e prometeu fornecer, sem lucro, doses para cerca de 2 milhões de pessoas antes que os fornecimentos genéricos cheguem ao mercado.

Mas os ativistas afirmam que os países onde ocorre um terço dos novos casos de VIH estão excluídos do programa da Gilead – incluindo o Brasil, a Argentina e partes da Europa de Leste.

José Costa, ZAP //

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