A livraria Lello lançou esta quinta-feira uma Carta Aberta e uma Petição Pública para que os livros possam ser prescritos como parte do tratamento de doenças do foro mental ou psicológico — porque a melhor receita pode ser um Livro!
10 de Outubro é, ao mesmo tempo, a data de apresentação do Orçamento de Estado no Parlamento e também o Dia Internacional da Saúde Mental.
“Não há coincidências“, diz a Livraria Lello, que escolheu esta mesma data para lançar um Carta Aberta aos partidos políticos e uma Petição Pública para que os livros possam ser receitados como parte do tratamento de doenças do foro mental ou psicológico.
“Se às vezes o Orçamento de Estado nos dá a volta à cabeça, tem, também, um dever incontornável: o de cuidar da nossa saúde mental”, salienta a livraria portuense, cujo icónico edifício está classificado como Monumento de Interesse Público e em vias de se tornar Monumento Nacional.
Ainda durante a pandemia, salienta a petição, a UNESCO, a Presidente da Comissão Europeia e vários Governos sublinharam esta condição fundamental do Livro: ser um bem de primeiríssima necessidade, que nos permite evadir-nos, conhecer outros mundos, e até ligar-nos com os outros.
A petição é inspirada nos resultados obtidos com medidas semelhantes em outros países europeus, como é o caso do Reino Unido. “A ideia não é nova”, admite ao jornal Público a administradora da livraria, Aurora Pedro Pinto, que acredita que “os livros não curam, mas ajudam”.
No Serviço Nacional de Saúde britânico, os livros são prescritos como parte de tratamentos médicos, para doentes com quadros de doença mental ou problemas relacionados com os jovens, como bullying — uma prática que tem revelado resultados surpreendentes na melhoria da saúde mental e psicológica dos pacientes, salienta a texto da petição.
Assim, a livraria portuense, uma das mais antigas do país, apela publicamente à Assembleia da República que permita que os médicos possam receitar livros, sempre que o entendam útil à saúde mental dos seus pacientes, e sugere que essa receita possa ser fiscalmente tratada como despesa de saúde que efetivamente é — e dedutível em sede de IRS.
A petição, que à hora desta edição tinha já mais de 200 subscritores, está disponível online, com o nome “Leia, pela sua saúde!”, em peticaopublica.com.