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Le Pen e Macron derrapam nas eleições regionais, enquanto a direita sai vitoriosa

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Eric Feferberg / EPA

Marine Le Pen e Emmanuel Macron registaram um resultado desastroso nesta segunda volta das eleições regionais francesas. Xavier Bertrand foi o vencedor da noite.

Os franceses regressaram às urnas este domingo para a segunda volta das eleições regionais. Xavier Bertrand, do partido “Os Republicanos”, parece ter sido o grande vencedor, ganhando a frente da corrida para ser o candidato da direita nas presidenciais do próximo ano.

A abstenção voltou a marcar a segunda volta. Depois dos 66,72% do último domingo, os resultados preliminares apontam para uma abstenção a rondar os 65%.

Este foi o registo de abstenção mais elevado da Quinta República, estabelecida em 1958, com exceção do referendo em 2000, que reduziu o mandato presidencial do chefe de Estado francês de sete para cinco anos e no qual 69,81% dos cidadãos não votaram.

Se Marine Le Pen e Emmanuel Macron esperavam uma repetição do duelo de 2017, a chegada em força de Xavier Bertrand parece vir baralhar a contas. A vitória na região Hauts-de-France (Norte), na primeira volta, dá boas indicações para o futuro.

Os resultados da segunda volta das eleições regionais de França são “uma deceção para a maioria presidencial”, admitiu Stanislas Guerini, líder do partido do Presidente Emmanuel Macron, que não conseguiu conquistar nenhuma região.

O partido do Presidente francês, o República em Marcha, criado em 2017 sem raízes territoriais, já tinha sofrido um forte revés na primeira volta das eleições, realizada no domingo passado, e não conseguiu vencer em nenhuma das 13 regiões do país.

Tal como o partido Frente Nacional, de Marine Le Pen, o República em Marcha sofre de falta de apoio regional, ao contrário da direita e da esquerda moderada e até da extrema esquerda e dos ecologistas.

Este resultado deverá levar a que os partidos que conseguiram melhores votações nas regionais exijam uma reorganização do cenário de preparação para as próximas presidenciais, em 2022, cuja final se estima seja disputada por Macron e Le Pen.

“Agora toda a gente já entendeu que a eleição presidencial vai ser uma corrida a três”, disse Xavier Bertrand, ex-ministro republicano e vencedor na região de Hauts-de-France (Norte), que já tinha assumido anteriormente ser candidato a Presidente em 2022.

A vencedora da região de Ile-de-France, Valérie Pécresse, e o da região de Auvergne-Rhône-Alpes (centro), Laurent Wauquiez, também se vão reposicionar, ao contrário do que se estima que aconteça com a esquerda.

Apesar de ter conquistado várias regiões, com alianças com ambientalistas, socialistas e com a extrema esquerda, nenhum dos eleitos de hoje está na fila para concorrer às presidenciais e os líderes dos partidos não conseguem chegar a acordo sobre uma candidatura única.

O Partido Socialista (PS), que na última eleição presidencial sofreu uma derrota histórica ao obter apenas 6% dos votos, conseguiu desta vez recuperar eleitorado e manter o controle de cinco regiões, no que parece ser um ressurgimento dos partidos tradicionais de direita e esquerda moderada.

Para o secretário da sigla, Olivier Faure, estas eleições confirmam que o PS é “o motor” da esquerda, e que, por isso, tem o dever “de unir toda esquerda e os ambientalistas para a próxima eleição presidencial”.

“Este ressurgimento da divisão entre esquerda e direita deve, no entanto, ser analisado com cautela e não deve ser reproduzido para o duelo Macron/Le Pen, já que esta polarização é tradicional ao nível das instituições locais, mas não se traduz no nível nacional”, alertou hoje o presidente do instituto de sondagens PollingVox, Jérôme Sainte-Marie.

ZAP // Lusa

6 Comments

    • Caro leitor,
      A França não tem um regime de partido único.
      Há vários partidos à direita, e vários partidos à esquerda.
      Os partidos de Le Pen e Macron são na realidade um fenómeno relativamente recente, tendo afastado do poder os tradicionais partidos da direita francesa, nomeadamente o UMP de Jacques Chirac e a UDF de Valéry Giscard d’Estaing.
      Ainda assim, o grande vencedor destas eleições não é sequer nenhuma destas duas formações, é “Os Republicanos”, de Xavier Bertrand. De direita.
      Com excepção do Partido Socialista, que recuperou dos 6% das últimas eleições e segurou 5 regiões, nem o França Insubmissa, nem A República Em Marcha, nem o Partido Comunista Francês, et al, podem reclamar vitórias para a esquerda.
      Detalhes que teria percebido facilmente se tivesse tido o cuidado de ler o texto em vez de saltar diretamente do título para vir fazer o seu comentário.

      • Para já, não lhes admito esse tom condescendente, assim como vocês também não admitem o meu! Se querem ser respeitados, deem-se ao respeito! De qualquer forma provam, mais uma vez, que não lêm os comentários e assumem uma interpretação… errada (e já não é a primeira vez!). Em lado algum afirmo que a França tem um regime de partido único! Falei de esquerdas e direitas (mais direitas). Fiz apenas uma alusão, ao título (sim, porque é uma parte importante da notícia, caso não saibam!) quem, na prática diz algo omo: A direita e direita derrapam nas eleições regionais, enquanto a direita sai vitoriosa. Redondante… Entenderam agora?

        PS: Já agora, leiam o comentário do Eu! Talvez consigam perceber melhor o que quis dizer (escrever)… Por vezes, há detalhes que escapam… É normal. Errare humanum est.

      • Caro leitor,
        Quando respondemos a um comentário em duas palavras, somos acusados de arrogância. Lamentamos que ao optar por fazer uma resposta elaborada, a tenha tomado como condescendência. Não era essa a nossa intenção.
        Tal como não era de certeza intenção sua tratar-nos com condescendência ao sugerir-nos que lêssemos o comentário citado para percebermos o seu. Até porque, na realidade, a nossa resposta ao dito comentário poderia ser exatamente a mesma.

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