Setor automóvel destacou-se como um dos mais afetados. “Provavelmente não vamos crescer este ano (…) só com um milagre”.
Tem sido um dos setores mais dinâmicos nas exportações dos últimos anos, mas a indústria automóvel e de componentes de Portugal enfrenta agora um período de incerteza devido ao abrandamento da economia global, noticia o Jornal Económico esta terça-feira.
No primeiro semestre de 2024, as exportações caíram 3,8%, e as empresas do setor já começam a ponderar medidas como o lay-off para enfrentar a crise.
“As informações que temos é que provavelmente haverá a necessidade de reduzir algumas equipas, fazer alguma alteração de turnos, de planeamento de produção, e, nalguns casos mais graves, poderá ter de haver uma contração mais significativa dos recursos humanos, com recurso a alguns instrumentos. Algumas empresas já manifestaram interesse em recorrer ao lay-off, mas não temos números, são só conversas”, avançou o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) José Couto ao jornal.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou a tendência negativa: uma queda de 3,8% nas exportações em junho, seguida de um decréscimo de 0,8% em maio.
O setor automóvel destacou-se como um dos mais afetados, com uma diminuição de 18,5% na categoria de ‘material de transporte e acessórios’. Em particular, as ‘partes, peças e acessórios’ registaram uma queda de 9,2%, enquanto os ‘automóveis para transporte de passageiros’ sofreram uma redução de 32,5%.
José Couto sublinha que os principais clientes nacionais do setor automóvel também enfrentam dificuldades, com uma queda agregada de 7,5%. Este cenário desfavorável levou a AFIA a rever as expectativas para 2024, com a conclusão de que o crescimento do setor é improvável.
“Quanto à nossa expectativa de crescimento, esta semana fizemos uma revisão, segundo o nosso modelo, e constatamos que provavelmente não vamos crescer este ano”, acrescentou o representante.
A situação na Europa também não é animadora, com uma recuperação no segundo semestre considerada pouco provável: “só com um milagre no segundo semestre é que conseguiremos crescer”, diz Couto.
A resposta está, para o representante, em aumentar a produtividade das empresas.
A indústria automóvel representa 62 mil postos de trabalho, 5,5% do PIB e uma faturação de 15 mil milhões de euros.