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“Justiça Para Mara”: Assassinato de jovem de 19 anos está a gerar revolta no México

(dr) Facebook

Mara Castilla, jovem de 19 anos assassinada no México por um motorista da Cabify

A morte de Mara Castilla, uma jovem de 19 anos assassinada por um motorista da plataforma de transporte Cabify, no México, enfureceu ainda mais os protestos contra um crime cada vez mais habitual no país: o feminicídio.

As estatísticas oficiais indicam que, por dia, sete mulheres são assassinadas no México. Mara Castilla, uma jovem de 19 anos, foi um dos mais recentes casos, escreve a BBC.

A mexicana tinha pedido um carro pela Cabify em Puebla, a sul da Cidade do México, depois de uma saída à noite com amigos. O veículo chegou minutos depois e a jovem avisou a irmã mais velha, com quem vivia, de que já estava a caminho de casa.

Quando acordou, a irmã Karen apercebeu-se que Mara ainda não tinha chegado. Entrou então em contacto com o motorista da Cabify responsável pela viagem, que respondeu que a tinha deixado a poucos metros de casa.

Porém, a familiar achou a conversa suspeita e decidiu denunciar o desaparecimento da irmã às autoridades. Rapidamente, o desaparecimento de Mara chegou às redes sociais, com centenas de utilizadores a dar o alerta para quem tivesse visto a rapariga.

A Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Puebla interrogou o motorista, identificado como Ricardo Alexis Díaz, que acabou por ser detido depois da análise ao vídeos das câmaras de segurança. O funcionário foi acusado de ter violado e estrangulado a jovem que, uma semana depois, foi encontrada numa vala.

Entretanto, a plataforma de transportes Cabify anunciou que vai reforçar os seus protocolos de segurança e instalar um “botão de pânico” que esteja vinculado aos sistemas de emergência das autoridades policiais, escreve o El País.

Mara nasceu em Veracruz, no sudeste do México, mas há mais de um ano que vivia em Puebla para estudar Ciências Políticas. Aos jornalistas, a mãe, Gabriela Miranda, disse que era muito alegre e que tinha muitos amigos, embora fosse tímida com desconhecidos.

“Uma menina com muitos sonhos, com tantos projetos de vida, sem inimigos”, recordou.

“Justicia Para Mara”

A morte da jovem foi a gota de água para milhares de pessoas, sobretudo mulheres, que, no último domingo, decidiram realizar vários protestos em muitas cidades do país.

Foram entoadas várias palavras de ordem como, por exemplo, “Nos están matando”, “Vivas nos queremos”, “Ni una más” ou “Todas Somos Mara”. No Twitter, as hashtags #JusticiaparaMara e #NoFueTuCulpa foram parar aos ‘trending topics’ desta rede social.

O assassinato da rapariga é mais uma prova de como, no México, ainda é difícil a tarefa de convencer as autoridades a cumprir a lei e a investigar agressões contra mulheres, sobretudo quando a sociedade é também muito marcada por ideais machistas.

Prova disso é que, durante a marcha na Cidade do México, que começou no El Zócalo, principal praça da capital mexicana, simpatizantes do governador do Distrito Federal, Miguel Ángel Mancera, insultaram as mulheres que protestavam.

Dezenas de casos foram lembrados durante as manifestações. Um dos mais recentes foi o de Lesvy Berlín Osorio, jovem de 22 anos assassinada, em maio passado, no campus da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM).

Inicialmente, o caso foi descrito como um “suicídio” pela Procuradoria-Geral de Justiça da Cidade do México (PGJCM) que chegou, inclusive, a partilhar mensagens no Twitter para indicar um suposto vício e o abandono escolar da vítima.

No entanto, depois de uma série de protestos na Internet, as autoridades decidiram investigar outros possíveis motivos para a morte de Lesvy. O namorado da vítima acabou por ser preso, semanas depois, acusado de feminicídio.

Paradoxalmente, Mara foi uma das mulheres que, em maio, protestou pela morte de Lesvy. Meses depois, as manifestações acabariam por ser realizadas em sua memória.

ZAP // BBC

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