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Justiça congela 11 milhões a José Veiga

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A quantia apreendida estará relacionada com os planos do empresário em adquirir o Banco Internacional de Cabo Verde, propriedade do Novo Banco.

O ex-empresário de jogadores de futebol foi detido esta quarta-feira, juntamente com Paulo Santana Lopes, o seu atual sócio e irmão do ex-primeiro-ministro, por suspeitas de crimes de natureza fiscal.

De acordo com o Jornal de Notícias, a PJ terá confiscado uma quantia de 11 milhões de euros, o sinal que estaria destinado à aquisição do Banco Internacional de Cabo Verde, propriedade do Novo Banco.

As autoridades travaram de imediato o processo da venda, que já estaria acordada com o banco português, estando José Veiga apenas à espera da luz verde do Banco Central de Cabo Verde.

Segundo o Diário Económico, na base desta apreensão estará o não cumprimento de algumas regras para este tipo de negócio, como é o caso de inexistência de dívidas fiscais.

Dívidas é algo que não falta ao ex-dirigente benfiquista, que surge na lista da Autoridade Tributária na categoria dos devedores de 250 mil a um milhão de euros.

Recorde-se que, há dois anos, antes da queda do banco, o Grupo Espírito Santo chegou a discutir uma proposta de injeção de capital liderada por Veiga e que representava investidores do Congo e da Guiné Equatorial.

A operação “Rota do Atlântico” está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e investiga uma série de negócios que se estende pela Europa e pelo continente africano e sul-americano.

Em declarações ao Económico, fonte da PJ garante que o esquema lesou os cofres do Estado “em dezenas de milhões de euros”.

Às acusações somam-se ainda branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal.

Em causa estarão vários negócios de Veiga, sobretudo na República do Congo, país onde o empresário se fixou há anos e onde tem ligações na construção civil, obras públicas e venda de produtos petrolíferos.

Além do Congo e de Cabo Verde, José Veiga teria ainda ligações à Guiné Equatorial, Benim, Nigéria, Costa do Marfim, Togo e Guiné-Conacri. O empresário emprega nesses países mais de seis mil pessoas, entre as quais se encontram 1500 portugueses.

Já Paulo Santana Lopes, segundo informações recolhidas pelo Diário de Notícias, movimenta-se como angariador de negócios, qualidade essa que levou, em 2009, a investigação do processo “Face Oculta” a encontrar-lhe três cheques, no valor de 72 mil euros, do empresário Manuel Godinho.

Além dos dois portugueses, também foi detida pelas autoridades uma advogada com ligação a ambos.

Segundo o Expresso, os detidos passaram a noite na cadeia e serão presentes esta quinta-feira a interrogatório diante do juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal.

Manuel Damásio também está na mira

O antigo presidente do Benfica também estará na mira da Polícia Judiciária por suspeitas de parceria com o ex-empresário de jogadores, noticia o Correio da Manhã.

A PJ esteve esta quarta-feira a fazer buscas no Hotel Intercontinental do Estoril, mais precisamente na suite de Manuel Damásio, empreendimento adquirido por Veiga para uma eventual lavagem de 500 milhões de euros que circulavam pelas suas contas.

Apesar de não estar lá nesse momento, o antigo líder dos encarnados confirmou ao jornal a realização de buscas no seu escritório, tendo contado que os elementos da PJ foram recebidos pela sua secretária e que esta colaborou totalmente com as autoridades.

Mas este não será o único negócio implicado no caso. Segundo o CM, há ainda grandes moradias na Quinta da Marinha ou em Birre, Cascais, que a PJ acredita não serem de Veiga mas antes de congoleses.

ZAP

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