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RTP: director do Festival da Canção admite que jurada da Madeira foi “demasiado efusiva”

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Pedro Pina / Lusa

NAPA com o troféu do Festival da Canção

Gonçalo Madaíl avisa que é complicado a RTP dizer aos júris que não devem votar nos artistas da sua região.

O Festival da Canção 2025 continua a dar que falar. Talvez seja o mais comentado e polémico desde a edição 2018 – na altura por causa do alegado plágio de Diogo Piçarra.

Desta vez o problema é mesmo o vencedor: os NAPA surpreenderam muita gente e ganharam, superando concorrência forte como Fernando Daniel, Josh ou Henka.

As críticas multiplicaram-se, sobretudo por causa dos 12 pontos do júri da Madeira, o único que na final deu pontuação máxima aos NAPA – que é um grupo da Madeira.

Se calhar, mais do que a pontuação, os protestos andam à volta da forma (descarada?) como a porta-voz anunciou esses 12 pontos: “Acho que, neste momento, deixo de falar como porta-voz e passo a falar com a voz do povo, do povo madeirense!” – disse em directo a cantora Bia Caboz, jurada e porta-voz da Madeira.

Gonçalo Madaíl, a título pessoal, admite que esse momento foi exagerado: “Foi demasiado efusiva a expressar os seus 12 pontos, ao falar sobre os conterrâneos. Entendo isso: pode ter efeito junto das pessoas, que pareça demasiado condicionado”.

“É uma questão de tom. Eu não faria dessa forma. Não me parece ético para com os restantes concorrentes, ou as pessoas do país. Acho que o fez no calor da emoção, apenas isso”, admitiu o director de música e artes de palco da RTP.

Mas lembrou – tal como já tínhamos destacado – que não foi só o júri da Madeira a ser regional: o júri do Alentejo deu 12 pontos à alentejana Jéssica Pina, o júri do Algarve deu 12 pontos ao algarvio Peculiar. E, acrescentamos, o júri do Norte deu 10 pontos à portuense Henka, enquanto o júri do Centro deu 10 pontos ao estarrejense Fernando Daniel.

Além disso, avisou que seria complicado a RTP, a organização do Festival da Canção, dizer aos júris que não devem votar nos artistas da sua região.

“Quando convidamos jurados ligados à música (são três por cada área, 21 no total), para nós é muito difícil incidir com eles, ou incutir-lhes a ideia, de que não votem, ou evitem votar, na sua região. Parece-me um conceito muito questionável da nossa parte. Não induzimos nenhum dos nossos jurados, em nenhum momento, para que a votação tenha uma determinada sensibilidade”, explicou o director, na própria RTP.

Responsável pela organização do Festival da Canção, Gonçalo Madaíl lembrou que este sistema de votação é inspirado no que acontece na Eurovisão: 50% dos votos de júris, 50% dos votos do público.

No entanto, Gonçalo admitiu que estas percentagens podem ser revistas, até por uma “questão sociológica”. Ou seja, os votos do público podem ter mais peso em breve, no Festival da Canção. Embora haja um perigo de “tendências e movimentos, porque muitas vezes os votos do público são organizados, contaminados entre si”.

Outra possível alteração, para breve, é o palco, o local do concurso. Depois de ter andado em “digressão” pelo país, mas apenas entre 2018 e 2020, o Festival voltou a realizar-se sempre nos estúdios da RTP. Com pouca gente. É uma questão de orçamento, de restrições financeiras, confirmou Gonçalo Madaíl – mas também isso pode mudar em breve e o evento poderá sair de Lisboa.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

5 Comments

  1. É só criar uma regra em que a região que vota só se pode expressar em relação aos outros, aliás, como acontece nos países que votam na eurovisão.

    • Isso nao faz de todo sentido…os musicos nao são selecionados por região!! mas sim supostamente pela qualidade musical. Agora imagine que todos os selecionados ao festival são da zona norte….o júri do norte não vota?.

  2. Quem escreveu cometeu um erro, o Fernando Daniel não teve 12 pontos do júri do centro, aliás o referido cantor não teve 12 pontos de nenhum jurado…

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