Yagub Zeynalzade é um chef de 26 anos do Azerbaijão. Recebeu formação em culinária na Croácia e em Itália. Depois de passar algum tempo a trabalhar num restaurante italiano, voltou a Bakuo, onde transformou o apartamentonum restaurante.
O jovem chefe afegão Yagub Zeynalzade vive e recebe os seus clientes num apartamento — que é basicamente um quarto e um sótão.
O seu interesse na cozinha veio da avó, por quem foi criado. Na infância, passou os verões em Dashkesan, onde a avó vivia.
“Há pouco tempo, percebi que cozinhar está arraigado em mim. A influência da minha avó é permanente”, explica Yagub em entrevista à Jam News.
Mas apesar das infinitas guloseimas que a avó fazia, a vida em Dashkesan começou a tornar-se aborrecida. Decidiu sair da sua zona de conforto e ir viver sozinho, para entender do que seria capaz de fazer sem a ajuda de outros.
Foi então viver para Baku, onde passou por uma transformação pessoal. Assim que chegou à cidade, alugou um apartamento com um amigo.
Mas as suas ideias conservadoras atrapalharam o início de uma nova vida. “Eu era radical e incompatível com quase toda a gente, isolado e antissocial. Tinha um grupo muito pequeno de amigos”.
Yagub acabou por sair do apartamento e continuou os estudos numa madrassa. “Isso causou um efeito profundo em mim. Depois de aprender religião, de certa forma, aprendi a minha verdade. Isso acalmou-me e comecei a explorar outras áreas, queria conhecer gente nova”.
A dada altura, Yagub tinha sete empregos para poder pagar as dívidas. “Mais tarde, percebi que queria começar o meu próprio negócio. Foi assim que o meu projeto, a que chamei Projeto Apartamento, começou”.
“Levei dois meses a arrumar as minhas coisas e a instalar-me nesta casinha. Aos poucos, fui-me dedicando a este espaço. Tinha que começar em algum sítio. Tinha apenas 40 manats [cerca de 25 euros] e comecei o Projeto Apartamento naquele dia”, conta Yagub.
“Guardei metade dessa quantia para mim, comprei doces com a outra metade, fiz chá e convidei algumas pessoas. Esse foi o meu primeiro evento. Tinha música e entretenimento. Até hoje, não tive problemas com os vizinhos”, diz.
Yagub conta que o objetivo do projeto era criar uma rede de pessoas, através de eventos. “Eu tinha que as conhecer e elas tinham que se conhecer. Decidi convidar pessoas que pudessem inspirar-se mutuamente”.
“É um projeto ao mesmo tempo empresarial e social. Embora eu não tivesse receitas significativas, conquistei pessoas. E eu, que não conhecia ninguém aqui, aos poucos comecei a criar uma comunidade”, diz o jovem chef.
Yagub chama ao seu espaço, que transformou em restaurante, um “espaço livre”, um lugar onde os jovens se reúnem, comem e eles próprios cozinham, agindo livremente.
O Projeto Apartamento não é apenas um restaurante e um espaço, faz parte de algo que, a longo prazo, pode tornar-se uma rede de restaurantes.
“Há potencial nas regiões e aldeias e eu tento encontrá-lo, telefono ou visito-as pessoalmente. Alguns dos produtos que uso não são muito conhecidos aqui. Compro-os, cozinho com eles e tento apresentá-los às pessoas”, explica.
“Quando falava com os moradores das aldeias sobre agroturismo, o modelo suíço etc., parecia-lhes um conto de fadas. Eles não estão interessados em perspectivas inatingíveis, apenas num pouco de ajuda. Então, compro-lhes os seus produtos.”
No início, Yagub não o fazia por interesse pessoal. Quando viajava em negócios pelas regiões, comprava produtos interessantes e levava-os para Baku, onde preparava pratos desconhecidos, que servia aos amigos.
“É claro que queria transformar esse processo em dinheiro para continuar a fazer o que gosto, e torná-lo lucrativo. Então, compro estes produtos, coloco-os no cardápio e vendo-os. Desta forma, ajudo quem vive nas aldeias e ofereço novos sabores às pessoas, contando-lhes a história desses pratos.”
O restaurante caseiro de Yagub Zeynalzade, que atrai os clientes essencialmente através da sua página do Instagram, é também é um estúdio, onde são feitas sessões de fotos e vídeos — conteúdo que é criado para várias plataformas culinárias.
“Este tipo de conceito é pioneiro e as minhas expectativas são altas”, confessa Yagub. “E acredito que no futuro, serei ainda mais produtivo”.