Veiga pagou campanha de Rangel com conta emprestada por “vice” do Benfica

José Veiga pagou a campanha de Rui Rangel para a presidência do SL Benfica, em 2012, com uma conta emprestada pelo atual vice-presidente ‘encarnado’, Fernando Tavares.

Em interrogatório no âmbito da Operação Lex, o vice-presidente do Benfica, Fernando Tavares, admitiu ter emprestado uma conta pessoal para que José Veiga enviasse os 55 mil euros gastos na candidatura de Rui Rangel à liderança do emblema da Luz, em 2012.

Em correspondência eletrónica trocada entre Fernando Tavares e José Veiga, em vez de se falar em dinheiro, eram utilizadas as expressões “álbuns” ou “fotos”. O ‘vice’ benfiquista justificou que “a utilização destas expressões codificadas correspondeu a um pedido expresso de José Veiga e ao qual acedeu apenas pelo pouco tempo disponível para operacionalizar a campanha e que se penitencia por esta utilização”.

O jornal Público, que teve acesso ao resumo das declarações de Fernando Tavares ao Ministério Público, escreve que as transferências para pagar a campanha de Rangel, que a acusação diz terem sido feitas por Veiga através de uma sociedade sediada no Congo e que tinha uma conta no antigo BES Cabo Verde, ocorreram todas já depois da condenação de Veiga. O empresário José Veiga está acusado de um crime de corrupção ativa.

A operação foi descoberta quando, em 2018, os investigadores que realizaram as buscas à casa de Fernando Tavares encontraram a documentação relacionada com as despesas da campanha.

No dia seguinte às eleições, Tavares informou Veiga que além das 35 fotos enviadas precisava de mais 20 para fechar o álbum. Poucos dias depois, enviou mais 20 mil euros para Rangel.

O vice-presidente benfiquista garante que o sucesso da candidatura era a única razão pela qual Veiga quis financiar a campanha de Rangel.

Esta terá sido uma das contrapartidas que Veiga terá dado a Rangel para este conseguir a sua absolvição num caso de fraude fiscal relacionado com a transferência de João Vieira Pinto para o Sporting. Além disso, mais 250 mil euros foram transferidos para uma conta do filho do advogado Santos Martins, que a acusação considera ser o testa-de-ferro de Rui Rangel.