O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está a investigar a Johnson & Johnson para aferir se mentiu sobre o possível risco de cancro do seu pó de talco.
Mais de 13 mil pessoas nos Estados Unidos moveram processos contra a marca alegando ter contraído cancro devido à utilização do seu pó de talco. Agora, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está a investigar a empresa para perceber se a Johnson & Johnson tinha conhecimento de alegados agentes cancerígenos nos seus produtos, nomeadamente amianto.
Numa investigação feita pela Reuters, no final de 2018, a agência noticiosa concluiu que a Johnson & Johnson sabia da presença de amianto nos seus produtos e que terá decidido ocultar a informação. Apesar do pó de talco contabilizar uma pequena porção dos lucros da empresa, foi fundamental para a ascensão da marca.
Em reação à investigação da Reuters, a Johnson & Johnson assegura que o conteúdo é “falso” e “inflamatório”, concluindo que se trata de “uma teoria da conspiração absurda, que aparentemente abrange mais de 40 anos e que terá sido orquestrada por várias gerações de cientistas e reguladores das universidades mais importantes do mundo”.
“Estamos a cooperar totalmente com a investigação do Departamento de Justiça anteriormente divulgada e continuaremos a fazê-lo”, disse Kim Montagnino, porta-voz da Johnson & Johnson. O porta-voz realçou ainda que o pó de talco da marca não contém amianto e não causa cancro.
Apesar destas afirmações, algumas das ações judiciais movidas contra a marca são corroboradas com memorandos internos das décadas de 60 e 70 que contêm, segundo a Bloomberg, alertas de cientistas da empresa de que havia sido detetado amianto na pó de talco. Os cientistas alertavam que seria “um grave risco para a saúde” e poderia representar um risco legal para a empresa.
De acordo com o jornal Público, em julho do ano passado, a empresa de cosmética foi condenada a pagar quatro mil milhões de euros a 22 mulheres que alegaram ter contraído cancro à custa do uso do seu produto. Em geral, é estimado que a empresa já tenha gasto mais de 13 mil milhões de euros em acordos legais.