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John Legend diz que EUA têm de aprender com prisões portuguesas

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O cantor norte-americano John Legend visitou esta quinta-feira a prisão de Santa Cruz do Bispo (Matosinhos), a primeira que observou na Europa, e afirmou que o seu país tem muito para aprender com o sistema prisional português.

“Temos muito que aprender com países como Portugal que trabalham de forma mais inteligente”, com “iniciativas mais justas” e “melhores programas para a reabilitação para toxicodependentes” para as pessoas serem bem-sucedidas na reinserção, declarou aos jornalistas o cantor norte-americano.

John Legend falava depois da visita que esta manhã realizou ao Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em que falou com vários reclusos sobre música, programas de desintoxicação, futebol e até assinou uma camisola do Futebol Clube do Porto, dizendo que conhecia Cristiano Ronaldo.

O artista, que criou este ano uma campanha nos EUA denominada Free America (América Livre), para acabar com o encarceramento em massa nos EUA, acrescentou que ia tentar levar para o seu país de origem algumas das práticas levadas a cabo em Portugal no que diz respeito, por exemplo, a programas de reabilitação de toxicodependentes presos e sua reinserção na vida ativa.

Os EUA são o país do mundo com mais presos em relação à população, recordou o músico, referindo o facto de os EUA representarem 5% da população mundial mas contarem com 25% dos reclusos a nível mundial.

Segundo o artista, em Portugal as penas são menos punitivas do que nos EUA e a forma como Portugal está a promover a reabilitação através, por exemplo, de trabalhos como a agricultura e pecuária – na prisão de Santa Cruz do Bispo produzem-se cerca de 1.500 litros de leite de vaca por semana – é uma “melhoria comparando com a América do Norte”.

A prisão de Santa Cruz do Bispo (parte masculina), que tem atualmente 525 presos e não oferece problemas de sobrelotação – segundo o diretor Hernâni Vieira – foi a primeira fora dos EUA que John Legend visitou e, segundo o músico, é “mais humana”, “mais saudável” e “mais interessada em dar uma vida melhor” aos presos e em dar esperança e ferramentas para a reintegração social na altura da liberdade.

“Nos EUA temos demasiadas prisões solitárias”, “demasiadas condições desumanas para muitas pessoas”, “demasiadas crianças no sistema penal jovem” e “temos sentenças demasiado longas para tudo, incluindo crimes de droga e crimes de violência”, contou o artista, observando que os EUA são o país que mantém durante mais tempo na prisão as pessoas.

O Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo iniciou há cerca de um mês uma iniciativa única em Portugal, adiantou, diretor da prisão, Hernâni Vieira, confessando-se honrado por ter recebido uma celebridade como John Legend.

Trata-se da “Casa de Transição”, ou também denominada “Casa de Acolhimento de Santo André”, um projeto destinado à reintegração social de pessoas inimputáveis, uma fase que se torna “ainda mais difícil do que a reintegração social de imputáveis”, esclareceu Hernâni Vieira.

Dentro da prisão de Santa Cruz do Bispo, John Legend visitou ainda a Unidade Livre de Drogas, uma escola de formação básica que vai desde a 4ª classe ao 9º ano de escolaridade com formação em inglês, música, educação física e artes plásticas, a Casa de Saída e os terrenos de cultivo.

“Esta visita [do John Legend] vai incentivar a continuar as boas práticas, investindo mais na reinserção e reabilitação e menos na reclusão”, defendeu Licínio Lima, subdiretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, referindo que cada prisão deve ser “um centro de humanização por excelência” e recordando que é necessário uma mudança de mentalidades na sociedade para, por exemplo, teremos mais presos em prisão domiciliária.

400 indivíduos com pulseira eletrónica em Portugal, num universo de 14 mil reclusos”, indicou, considerando o número de pulseiras eletrónicas em Portugal “baixo”.

O juiz do Tribunal de Execução de Penas do Porto, Manuel José Fonseca, considerou também que medidas de reinserção social como a Casa de Transição ou a Unidade Livre de Drogas são “excelentes” para que os reclusos ganhem valores e ferramentas para ficarem livres de adições e se sintam sem riscos no momento da liberdade.

/Lusa

6 Comments

    • Pois não António, não é nem nunca vai ser! Pelo que percebi e felizmente para si nunca ficou privado da sua liberdade senão, percebia que o castigo maior é precisamente esse, tudo o resto é como diz jesus, penars!! Isto porque no final, e depois de em alguns casos a coisa passar, o trauma que fica é precisamente esse a privação da tão bela LIBERDADE. Claro que isto de uma forma geral, excluindo outros casos extremos, em que acontecem alguns tipos de violência em formas que talvez você nem saiba que existem. Mas pronto, com certeza deve ser um amante das series policiais de tv, em que no final, todos os que vão para a prisão são criminosos de primeira e não merecem ser tratados com respeito porque a vida lhes pregou uma partida.
      Enfim sabe… goze bem a sua LIBERDADE e tenha cuidado, olhe que azares e equívocos acontecem aos milhares diariamente.
      Cumprimentos.

    • Achas porque és ignorante e não fazes a mínima ideia do que se passa por lá!!!
      Quando não se sabe, não se deve comentar…

  1. Na generalidade, o que se comprova é isto: está tudo muito preocupado com a situação dos detidos, com os seus direitos e os seus traumas para a vida … As vítimas, coitadas, não têm essas veleidades. Tiveram azar, é a vida (ou a morte) …!

  2. Eheheh, já cá faltavam os defensores dos ”oprimidos”. ”Coitadinhos dos presos que merecem ser muito bem tratados porque prejudicaram a vida de outros de propósito”; vamos lá defendê-los e dar-lhes boas condições porque um dia podemos ser nós a ir lá parar, ainda que injustamente!
    Oh gente!!! É por causa de gente desta que isto tá como tá.

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