João Oliveira insistiu na palavra “convergência”, mas não vê necessidade de acordo escrito

José Sena Goulão / EPA

O dirigente comunista João Oliveira defendeu que o cenário que se apresenta ao país nas eleições legislativas de domingo “não é muito diferente” do de 2015, e insistiu na palavra “convergência”.

“Antes de 4 de outubro de 2015 o que íamos ouvindo não é muito diferente do que ouvimos agora e povo português decidiu com uma maioria de esquerda”, referiu o líder parlamentar do PCP, à margem de uma declaração sobre agricultura superintensiva, num cruzamento na estrada nacional que liga Beja a Serpa.

O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP acrescentou que em 30 de janeiro, os portugueses têm novamente a “possibilidade de decidir soluções para o país em torno das soluções que são necessárias”.

Questionado sobre o convite feito no domingo pela coordenadora bloquista, Catarina Martins, ao secretário-geral do PS, António Costa, para uma reunião no dia após as eleições, João Oliveira voltou a desafiar o PS a responder se “recusa as convergências” com a CDU depois das eleições, para afastar o regresso da direita ao poder e para discutir as propostas que os comunistas consideram ser essenciais para o desenvolvimento do país.

Se, de facto, se concretizar uma maioria de esquerda, a CDU não quer necessariamente um acordo escrito. “Não vejo em que condições é que essa exigência pode ser feita”, respondeu João Oliveira, citado pelo Público.

João Oliveira insurgiu-se ainda contra as “opções políticas erradas” de PS e PSD ao longo de anos que não priorizaram a “soberania alimentar” do país, e apelou à diversificação da produção agrícola portuguesa.

O líder parlamentar do PCP observou com o cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Beja, João Dias, várias culturas de olival e amendoal.

Com a imensidão de culturas como pano de fundo, João Oliveira apontou o dedo às “opções políticas erradas” dos diferentes executivos PS e PSD que não consideraram a “soberania alimentar” de Portugal como uma prioridade para o país.

Na ótica dos comunistas, Portugal deveria produzir bens alimentares em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades da população e diminuir a dependência das exportações destes produtos.

O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP considerou hoje que houve falta de “planeamento” e que as decisões tomadas foram “no sentido contrário” deste objetivo.

Depois, João Oliveira recorreu às tradições gastronómicas portuguesas para demonstrar o que considera ser um desequilíbrio na produção agrícola que apenas tem como prioridade o “lucro máximo e o lucro imediato”.

“Dá-se de podermos ter muita azeitona a ser produzida no olival superintensivo, a partir daí podermos ser um país produtor de azeite e até exportador, mas depois não temos as batatas para serem regadas com o azeite, não temos o pão para fazer a açorda”, sustentou.

Por isso, o dirigente comunista apelou à “diversificação da produção”.

O dirigente comunista considerou que o Presidente da República terá de fazer “um balanço” das suas responsabilidades, se no dia 30 de janeiro houver novamente uma maioria de esquerda no parlamento.

Questionado pelos jornalistas sobre se Marcelo Rebelo de Sousa terá de refletir sobre o resultado das eleições se houver novamente uma maioria de esquerda no parlamento, João Oliveira considerou que o chefe de Estado “tem as suas competências próprias, tem a sua responsabilidade própria, teve a intervenção que teve ao longo deste processo todo, como é conhecido”.

O Presidente da República terá “de fazer também um balanço daquilo que foi o exercício das suas competências e das suas responsabilidades, considerando a resposta que os portugueses derem”, sustentou.

“Há uma necessidade, obrigatoriamente, de respeitar o resultado que decorre da expressão do voto dos portugueses, e há uma obrigação de respeitar a correlação de forças que existam na Assembleia da República e as soluções que dali decorram”, acrescentou o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.

ZAP // Lusa

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