No discurso, o presidente fez ainda questão de estabelecer como objetivo do mandato fazer de Angola “um país mais próspero, mais desenvolvido e mais inovador”.
Cerca de uma hora após a Comissão Nacional Eleitoral ter confirmado os resultados das eleições presidenciais angolanas, realizadas a 24 de agosto, com vitória por maioria absoluta do Movimento Popular de Libertação (51,17%), João Lourenço desvalorizou, em declarações aos jornalistas, a contestação da oposição aos resultados, recusando também qualquer “geringonça” ou acordo com partidos derrotados.
“Eu posso e devo governar com toda a legitimidade que os eleitores conferiram ao MPLA e o seu candidato. A oposição contesta, mas há instituições adequadas para se fazer esta contestação. Eles que façam”, disse o presidente reeleito. “A lei prevê essas situações, tem prazos e vamos aguardar o que é que, neste caso, o Tribunal Constitucional, nas suas vestes de tribunal eleitoral, dirá sobre a contestação da oposição”, afirmou o líder do MPLA, num discurso na sede do partido que teve direito a perguntas.
Na última sexta-feira, a UNITA alegou não reconhecer os resultados provisórios que haviam sido anunciados pela Comissão Nacional de Eleitoral, quando estavam escrutinados 97,03% dos votos, indicando 51,07% e 124 mandatos ao MPLA e 44,05% e 90 lugares à UNITA. Na altura, Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, afirmava que havia discrepâncias entre a contagem do partido e a contagem da CNE. Após a declaração oficial, os partidos têm 72 horas para contestar os resultados.
Entre as vozes que se juntou à contestação está a de Luaty Beirão, que esteve envolvido na contagem de votos paralela do Movimento Cívico Mudei. No Twitter, o ativista escreveu que “até que todos os contendores aceitem os resultados, o jogo não terminou“.
Sobre a descida dos votos do MPLA e a contestação do principal partido da oposição, João Lourenço minimizou: “Nós temos legitimidade para governar sozinhos, não temos necessidade de fazer nenhuma ‘geringonça‘”, numa alusão ao acordo do PS com o PCP e Bloco de Esquerda no passado recente em Portugal.
“As ‘geringonças’ são feitas quando o partido vencedor não tem votos suficientes para governar sozinho. Se me está a falar de uma ‘geringonça’, é melhor esquecer porque não haverá ‘geringonça'”, respondeu João Lourenço.
No discurso, o presidente fez ainda questão de estabelecer como prioridades do mandato o investimento na economia (que se quer mais modernizada), na criação de emprego, na modernização do sistema de ensino e no alargamento dos serviços de saúde. O objetivo é, resumiu, fazer de Angola “um país mais próspero, mais desenvolvido e mais inovador”.
Este deixa no ar um certo cheiro de autoritarismo. Será que não terá percebido que o povo angolano está finalmente a abrir os olhos e que este deve o último governo do MPLA?