Jerónimo de Sousa recusa ter-se casado ou unido de facto com PS de Costa

Rodrigo Antunes / Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa

O líder do PCP rejeitou ter estado casado, ou sequer unido de facto, com o PS nos últimos quatro anos, referindo-se ao acordo assinado em 2015, tal como BE e “Os Verdes”, que viabilizou o Governo.

Jerónimo de Sousa negou também qualquer contacto recente entre comunistas e socialistas para uma solução similar à atual geringonça, fazendo depender eventuais conversações futuras dos resultados das eleições de domingo, porque “são os decisores [cidadãos eleitores] que fazem a arrumação de forças na Assembleia da República”.

“Em primeiro lugar, casamento não houve. Nem união de facto. Em matérias de fundo, com as divergências que existem em relação ao PS, não se pode dizer que houve ali uma união de facto, antes pelo contrário”, afirmou o secretário-geral comunista.

O dirigente do PCP acrescentou: “Houve uma grande disponibilidade da nossa parte para não perder nenhuma oportunidade para manter os avanços que se alcançaram agora, com esta convicção e determinação de que não cederemos a qualquer proposta que colida com os interesses dos trabalhadores e do povo”.

O líder comunista falava depois de visitar casas de mineiros da Urgeiriça, Canas de Senhorim, afetados pela contaminação com urânio e antes de uma viagem de comboio na linha da Beira Alta, entre a estação de Canas-Felgueira e o apeadeiro da Lapa do Lobo, que a população quer reativar e manter após melhorias.

O secretário-geral do PS, António Costa, considerou no domingo, em entrevista à RTP, que Bloco de Esquerda e PCP não se comprometeram em “assegurar condições de governabilidade” nos próximos quatro anos e que a repetição da solução política desta legislatura dependerá de “um PS forte”.

Não podemos estar disponíveis para uma coisa que ainda não aconteceu. As soluções institucionais são determinadas pela arrumação de forças dos deputados. Conforme se arrumem se encontrará a solução”, contrapôs Jerónimo de Sousa.

Nesse sentido, assegurou que, após a decisão dos eleitores, apenas se compromete a prosseguir com os avanços “que se têm verificado” e que “se for para avançar, lá estará o PCP e a CDU”, mas, se for para andar para trás, o voto “é contra”.

Jerónimo de Sousa garantiu que o PCP não alinha “em soluções institucionais sem saber para quê e como”. “É perante políticas e programas concretos que agiremos e decidiremos. Não é ‘queremos ir para o Governo porque queremos ser Governo’. Nisso não contam com o PCP. Seremos Governo quando o povo português entender e não o PS, naturalmente.”

O líder comunista negou perentoriamente eventuais conversações entre PS e PCP para concertar posições e eventualmente voltar a celebrar algum acordo semelhante ao da atual solução política no parlamento. “Não, nenhum contacto. Não houve contacto. Estou a dizer isto empenhando a minha palavra. Não sei, [António Costa] podia estar a pensar noutra força política. Connosco não houve qualquer contacto. É a única coisa que posso dizer”, atestou.

O secretário-geral do PCP foi acompanhado na campanha no círculo eleitoral de Viseu pelo ex-deputado Miguel Tiago, cabeça-de-lista às eleições por este distrito onde a CDU, que inclui “Os Verdes”, nunca elegeu qualquer deputado.

“Nós nunca perdemos a perspetiva de que é possível um dia eleger. Estamos confiantes. Se for feito o reconhecimento pela população da resolução dos problemas por parte da CDU, estamos com a consciência muito esperançada de que é possível de facto eleger deputados, o grande objetivo da eleição de um deputado”, afiançou Jerónimo de Sousa.

Miguel Tiago, regressado à atividade de geólogo depois de ter deixado o parlamento a meio da atual legislatura, afirmou que os representantes locais de PSD, PS e CDS-PP “querem usar Viseu para arranjar um lugar em Lisboa”, ao passo que na CDU se quer “levar Viseu para o parlamento”.

Em virtude da distribuição de habitantes, Viseu perdeu mais um posto na Assembleia da República, passando de nove para oito lugares disponíveis, o que torna a eleição de Miguel Tiago ainda mais difícil.

ZAP // Lusa

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