O jejum intermitente ganhou grande popularidade pelos seus potenciais benefícios para a saúde, como a perda de peso e a melhoria do metabolismo. No entanto, estudos recentes sugerem que pode ter consequências indesejadas.
Um estudo realizado por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) revelou uma potencial associação entre o jejum intermitente e um maior risco de desenvolver cancro, especificamente nos intestinos.
O estudo, publicado esta semana na revista Nature, explorou a forma como o jejum intermitente afeta a regeneração das células estaminais intestinais em ratos.
Estas células desempenham um papel importante na renovação do revestimento do intestino, um processo que ocorre normalmente a cada cinco a dez dias.
Os investigadores dividiram os ratos em três grupos: um que jejuou durante 24 horas, outro que jejuou durante 24 horas seguido de uma alimentação sem restrições durante 24 horas e um grupo de controlo que comeu livremente durante toda a experiência.
“Pensamos que o jejum e a realimentação representam dois estados distintos”, disse Shinya Imada, um dos autores do estudo, em comunicado de imprensa.
“No estado de jejum, a capacidade das células para utilizar lípidos e ácidos gordos como fonte de energia permite-lhes sobreviver quando os nutrientes são escassos”, acrescentou.
“E depois é o estado de realimentação pós-jejum que realmente impulsiona a regeneração. Quando os nutrientes se tornam disponíveis, estas células estaminais e células progenitoras ativam programas que lhes permitem construir massa celular e repovoar o revestimento intestinal”, concluiu Imada.
Embora este impulso regenerativo possa ser benéfico para a saúde intestinal, o estudo também revelou uma desvantagem significativa, sublinha a Euronews.
Se estiverem presentes mutações cancerígenas durante este período de elevada atividade celular, existe um risco acrescido de desenvolvimento de tumores intestinais em fase inicial.
Isto deve-se ao facto de a rápida divisão e regeneração das células estaminais durante a fase de realimentação poder levar à formação de pólipos pré-cancerosos, particularmente em ratos com mutações cancerígenas específicas.
“Ter mais atividade das células estaminais é bom para a regeneração, mas o excesso de uma coisa boa ao longo do tempo pode ter consequências menos favoráveis”, explicou Omer Yilmaz, coautor principal do estudo.
Os resultados sugerem que, embora o jejum intermitente possa promover a cura e a renovação das células intestinais, pode também aumentar a probabilidade de desenvolvimento de cancro em pessoas com determinadas predisposições genéticas.
Os investigadores realçaram que o seu estudo foi realizado em ratos com mutações cancerígenas específicas e que os resultados podem não ser diretamente aplicáveis aos seres humanos.