Em Hōki, as fraldas dos idosos são o segredo para uma nova fonte de combustível

1

Uma pequena cidade japonesa está a reciclar fraldas de idosos para produzir uma nova fonte de combustível que está a aquecer a água dos banhos públicos locais.

Em Hōki, uma cidade na província de Tottori, no Japão, a água dos banhos públicos é aquecida a cerca de 41 graus Celsius. O que muitos não sabem, escreve o The New York Times, é que a caldeira funciona com um combustível de uma origem caricata: pellets reciclados de fraldas sujas de adultos e idosos.

Os pellets são normalmente usados para aquecimento da casa, em salamandras, por exemplo. Regra geral, têm a forma de um granulado prensado e são feitos com restos de folhas, serradura e lascas de madeira. Mas este biocombustível renovável encontrou um novo formato nesta pequena cidade perto da costa ocidental do Japão.

A população japonesa está a envelhecer a um ritmo alucinante. O Japão lidera o ranking das nações mais envelhecidas do planeta: um em cada três japoneses tem hoje mais de 60 anos.

O envelhecimento da população é um dos grandes desafios para o Japão, com uma taxa de natalidade em constante declínio, suscitando preocupações sobre as perspetivas económicas e a mão-de-obra do país.

No Japão, mais fraldas são usadas por pessoas idosas e incontinentes do que por bebés. Hōki está a inovar ao reciclar estas fraldas, que representam cerca de um décimo do lixo total da cidade.

O lixo gerado pelas fraldas tem-se tornado um problema crescente. Enquanto a maioria das outras fontes de lixo está a diminuir em volume, os produtos para incontinência de idosos estão a crescer às toneladas, realça o jornal norte-americano.

“Quando você pensa sobre isso, é um grande e difícil problema”, disse Kosuke Kawai, investigador do Instituto Nacional de Estudos Ambientais. “O Japão e outros países desenvolvidos vão enfrentar problemas semelhantes no futuro”.

Cerca de 1,5 milhões de toneladas de fraldas para adultos entram todos os anos no fluxo de resíduos no Japão. A projeção é de um crescimento de mais 23% até 2030.

“Podemos eliminar facilmente palhinhas e guarda-chuvas em cima de cocktails”, disse Kremena Ionkova, especialista em desenvolvimento urbano do Banco Mundial. “Mas não podemos eliminar as fraldas”.

Hōki decidiu converter um dos dois incineradores da cidade numa central de reciclagem de fraldas e produzir combustível. O produto final ajuda a reduzir os custos de aquecimento a gás natural nos banhos públicos.

Os frequentadores dos banhos públicos não parecem incomodados com a origem da água e aplaudem o esforço de reciclagem.

As fraldas são esterilizadas e fermentadas durante 24 horas a 350 graus Celsius de temperatura. O produto resultante é depois processado por outra máquina e transformado em pellets de cinco centímetros de comprimento.

Daniel Costa, ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.