Uma sondagem não oficial feita entre os japoneses concluiu que 70% quer alterar a lei de sucessão. Atualmente, o direito a ocupar o trono é reservado aos descendentes ou familiares homens, seguindo uma lei promulgada em 1947. A mesma obriga qualquer mulher da família real japonesa a renunciar a esse estatuto ao casar com alguém que não pertença à realeza.
A sondagem, divulgada esta quarta-feira pelo El Pais e citada pelo Observador, surge no seguimento de uma discussão que tem sido um tema nos últimos meses, sobretudo após Naruhito, de 59 anos, ter ocupado o trono em maio deste ano, depois de o seu pai, o imperador Akihito, ter sido o primeiro monarca japonês, em 200 anos, a abdicar do posto.
Nessa altura, os holofotes também se voltaram para a imperatriz Masako. A atitude descontraída e o suavizar dos ditames protocolares levam a crer que uma mudança é possível, embora o governo de Shinzo Abe pareça pouco preocupado em dar prioridade à questão, referiu o Observador.
A família real japonesa tem, atualmente, 18 membros, número que inclui Akihito e Michiko, os imperadores eméritos. Na família, existem seis mulheres e raparigas solteiras e este grupo inclui a princesa Aiko, filha do atual imperador, que completa 18 anos dentro de um mês. A não ser que a lei seja alterada, Aiko nunca ocupará o trono.
Outra das razões que intensifica o debate é o facto de, durante décadas, não terem nascido rapazes na família. Aos 13 anos, o príncipe Hisahito é o segundo na linha de sucessão. O pequeno príncipe foi o primeiro menino e, 40 anos depois, a nascer no seio da família real.
O último tinha sido o seu pai, agora com 53 anos. É Akishino, irmão mais novo do atual imperador e que surge em primeiro lugar na linha de sucessão. No caminho de acesso ao trono existe um terceiro elemento, o príncipe Hitachi, de 83 anos. É tio do atual imperador.
Presume-se que a monarquia japonesa seja o mais antigo sistema hereditário de governação do mundo, remontando ao século V a.C.. Segundo a mitologia, a linhagem real descende da deusa Amaterasu. O acesso ao trono nem sempre foi vedado às mulheres, embora os casos sejam excecionais. Em mais de dois milénios de história, conta-se apenas uma dezena de imperatrizes. A última, Go-Sakuramachi, reinou há 250 anos.