Agora mais do que nunca, a Pampilhosa da Serra está na órbita dos aficionados pela observação do cosmos e da relação terra-céu. A localização, a visibilidade, a transparência, a escuridão e as noites de céu limpo fazem daquele local um paraíso do astroturismo.
Portugal tem “um dos lugares mais pacíficos do Universo” para observar o Espaço: Pampilhosa da Serra.
Recentemente, aquele município no interior do distrito de Coimbra, lançou uma campanha sobre a tranquilidade do concelho e as condições únicas daquele território para observar estrelas e planetas.
Com a inauguração do Geoscope – Observatório Astronómico de Fajão, esta quinta-feira, espera-se um aumento significativo de visitantes para fazer astroturismo.
O presidente da autarquia, Jorge Custódio, deposita muita esperança no Geoscope, que considera um projeto altamente diferenciador e inovador num território de baixa densidade, que tenta conciliar estes destinos de natureza e de dark sky (céu escuro)”, em que o visitante tem um contacto muito próximo com a natureza e as comunidades locais.
Transformar fraquezas em oportunidades
“O que é uma dificuldade destes territórios – a pouca cobertura de rede móvel e a reduzida iluminação pública para observar o céu – é uma potencialidade extraordinária”, sustentou à agência Lusa Jorge Custódio.
Segundo o autarca, em 2023 um operador turístico do concelho vendeu mais de 2.000 pacotes individuais para observação do céu e das estrelas, número que deverá subir exponencialmente com a inauguração do Geoscope.
O Observatório Astronómico de Fajão, orientado cientificamente pelo astrónomo José de Matos, é constituído por um ponto de observação e um quiosque pedagógico e tem associado um calendário de animação com sessões de observação “Viagem à Luz das Estrelas”, astrofotografia e visitas guiadas.
O ponto de observação, localizado no alto da aldeia de Fajão, numa área integrada na Rede Natura 2000 e na Paisagem Protegida da Serra do Açor, é uma “dome” semiesférica, em aço, com 7,5 metros de altura e 15 metros de diâmetro de acesso gratuito.
O quiosque está dotado de equipamento – telescópios, binóculos, cadeiras e mantas – para emprestar aos interessados que querem passar uma noite a observar o céu.
Aldeias de Xisto com novo tipo de turismo
“O facto de estarmos numa zona de muito baixa densidade populacional transformou-se num ativo para vender este geoturismo, associado à componente de observação astronómica, que é uma linha que está em crescendo no mundo inteiro e que agora, em Portugal, na Pampilhosa da Serra, no coração das Aldeias de Xisto, vamos ter esta oferta”, vincou Paulo Fernandes, presidente da Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias (Adxtur).
O dirigente, que preside também à Câmara do Fundão (Castelo Branco), ressalvou que não se trata só uma oferta de cariz turístico para todas as idades, mas também de “uma oferta muito importante em termos de educação, da promoção e democratização da ciência e diversificação da oferta nas Aldeias de Xisto”.
“Antes já vendíamos muito bem os dias, com o turismo ativo, as praias fluviais, a rede de percursos pedestres e as tradições culturais do território, mas agora vamos conseguir também vender muito melhor as noites com animação noturna, olhando para o céu”, enfatizou.
Para o designer João Nunes, autor da ideia original do Geoscope, o projeto assume um caráter pedagógico através de um espaço de observação astronómica: “É um lugar para nos observarmos a nós próprios e sentir e perceber o cosmos”.
“A astronomia pode ser também a célula de regeneração desta aldeia [Fajão], a partir deste projeto regenerador da consciência planetária e da ecologia”, sublinhou à Lusa.
ZAP // Lusa