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Já não se brinda à saúde? Bebe-se menos champanhe, e a culpa é da geopolítica

Quando vemos o caso político e económico mal parado, não festejamos. O champanhe é um “barómetro” da felicidade, e os produtores estão preocupados.

O número total de exportações de champanhe de França caiu cerca de 10% no ano passado, para 271 milhões de garrafas, no segundo ano consecutivo de declínio deste setor, noticia a CNN.

O The Guardian aponta que “a ansiedade económica e política diminuiu o clima de festa”. Será mesmo assim? Estará o mundo tão às avessas que já não queremos celebrar a vida com a bebida festiva por excelência?

Maxime Toubart, copresidente do Comité Champagne, e dirigente do sindicato dos produtores vinícolas em França, diz que “o champanhe é um verdadeiro barómetro do estado de espírito dos consumidores“.

Portanto, “não é altura para celebrar, com a inflação, os conflitos em todo o mundo, a incerteza económica e uma atitude política de esperar para ver em alguns dos maiores mercados de champanhe”.

“O champanhe está muito ligado à celebração, à felicidade, etc.”, assegura também o diretor financeiro da LVMH, Jean-Jacques Guiony, numa conferência de resultados. “Talvez a atual situação mundial, quer seja geopolítica ou macroeconómica, não leve as pessoas a animarem-se e a abrirem garrafas de champanhe”.

Em França, por exemplo, em 2024, ano em que tiveram de se realizar eleições antecipadas e onde se verificou um clima de instabilidade política, as vendas da bebida nacional caíram 7%, para 118 milhões de garrafas.

Para além disso, aponta a CNN, na França têm ocorrido diversos meteorológicos extremos, que vão desde muito calor a geadas precoces, o que fez com que os viticultores de 2021 registassem a colheita mais pequena desde 1957.

Há menos champanhe, pelo que o preço também tem aumentado, o que pode inibir os consumidores de comprarem.

Christine Sévillano, presidente da Federação dos Viticultores Independentes de Champanhe, disse ao The Times em dezembro que os vendedores de prestígio tinham implementado aumentos de preços de até 40% que “não caem bem junto dos consumidores”.

É  “necessário aumentar o valor das garrafas”, mas garante que “temos de ter cuidado com os aumentos de preços que talvez sejam um pouco menos justificados”.

“É em períodos menos favoráveis que temos de nos preparar para o futuro, manter a nossa trajetória ambiental, conquistar novos mercados e novos consumidores”, disse David Chatillon, outro copresidente do Comité Champagne.

“O mercado interno continua a sofrer com o contexto político e económico sombrio que prevalece”, escreve-se no comunicado do Comité. Que futuro se reserva para a bebida das celebrações, no meio de conflitos e dificuldades económicas um pouco por todo o mundo?

ZAP //

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