O ex-ministro do Interior italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, está a planear o seu retorno e quer formar uma aliança com o Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e com os líderes de Israel e do Brasil.
Segundo noticiou esta terça-feira o Politico, Salvani acredita que será o primeiro-ministro em 2020 e quer melhorar as relações com os parceiros da União Europeia (UE) quando isso acontecer, ao mesmo tempo em que impulsiona a sua “frente internacional”.
Salvini encerrou a coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas (M5E) em agosto, esperando desencadear uma eleição na qual aumentaria a sorte do seu partido. Contudo, o M5E formou uma aliança surpresa com o Partido Democrata (PD), de centro-esquerda, liderado pelo mesmo primeiro ministro que chefiou a coligação anterior, Giuseppe Conte.
Agora, o eurocético Salvini acredita que o seu retorno está próximo, enquanto a nova coligação luta para chegar a um acordo sobre questões políticas cruciais e reiniciar a economia estagnada do país.
“Estou a utilizar esse tempo para forjar novas alianças e expandir a minha rede”, disse Salvini ao jornal italiano Libero, numa entrevista publicada na segunda-feira. “O novo governo de Conte já durou muito. Conheci empresários, operários, jovens, imigrantes também. Eles estão fartos deles”, disse Salvini.
O líder da Liga indicou igualmente que planeia se concentrar em melhorar as relações com a Alemanha e com a França quando estiver de volta ao governo, acreditando que pode ainda promover mudanças em Bruxelas.
“A UE é administrada por lobbies e está cada vez mais distante do povo, mas as coisas estão a mudar e Bruxelas vê o nosso futuro governo de centro-direita como um elemento de maior estabilidade em comparação com o [atual governo italiano]”, afirmou.
E acrescentou: “Não se trata apenas de Paris e Berlim. Quero fazer parte de uma frente internacional que inclui Donald Trump, que será reeleito, Boris Johnson, Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu. Estes são todos os líderes que a esquerda criminaliza, mas todos têm sido esmagadoramente apoiados pelo povo”.
Salvini também usou a entrevista para atacar o M5E por estar muito perto da China: “Eles temem presidentes democraticamente eleitos nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas não têm receio de Xi Jinping, da China”.
Questionou ainda várias visitas que Beppe Grillo – um ex-comediante que cofundou o M5E – fez ao embaixador chinês em Roma este mês, e o impulso do partido para permitir que a Huawei desenvolva a rede 5G em Itália.
Na semana passada, o ministro da Educação Lorenzo Fioramonti, do M5E, renunciou após não receber os três mil milhões de euros em financiamento escolar que exigia para 2020. Vários parlamentares do mesmo partido saíram nos últimos dois meses e, em outubro, o ex-primeiro ministro Matteo Renzi deixou o PD para formar um novo partido.
Salvini espera que estas mudanças a favoreçam nas duas eleições regionais do próximo mês. “Os eleitores decidirão o meu futuro assim que tiverem a oportunidade de expressar a sua vontade. Estou a estudar para me tornar primeiro-ministro”, afirmou.