Enquanto intensifica as operações militares no sul da Faixa de Gaza, Israel diz que é “crucial” que seja feita pressão sobre Irão para travar a escalada do conflito na região. OMS alerta que o seu acesso a Gaza está “a diminuir”.
O ministro israelita da Defesa afirmou, esta terça-feira, que o aumento da pressão sobre o Irão “é crucial” e “pode impedir uma escalada regional” do conflito de Gaza.
“O aumento da pressão sobre o Irão é crucial e poderá impedir uma escalada regional” do conflito, referiu Yoav Gallant, citado num comunicado após encontrar-se, em Telavive, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Durante esta reunião, o ministro sublinhou ainda que as operações (militares) no setor de Khan Younis (sul da Faixa de Gaza) vão “intensificar-se e continuar”.
No encontro com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, Blinken tinha “enfatizado a importância de evitar mais danos a civis e (de) proteger a infraestrutura civil em Gaza”.
A deslocação do responsável norte-americano ocorre numa altura em que crescem as preocupações sobre a abertura de novas frentes do conflito de Gaza, num contexto de intensificação das trocas de fogo fronteiriças entre o grupo xiita libanês Hezbollah e Israel, além dos ataques dos rebeldes iemenitas Huthis a navios mercantes no mar Vermelho.
Acesso da OMS a Gaza diminui
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a sua capacidade para ajudar os habitantes de Gaza está “a diminuir”.
“Estamos a ver esta catástrofe humanitária desenrolar-se diante dos nossos olhos. Estamos a assistir ao colapso muito rápido do sistema de saúde”, afirmou Sean Casey, um coordenador das equipas de emergência da OMS, por videoconferência a partir de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
O Exército israelita anunciou uma nova fase da sua intervenção em Gaza com menos tropas e operações com alvos cirúrgicos, mas, segundo Casey, a OMS “não viu qualquer redução de intensidade” no terreno.
Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ter apelado, no mês passado, para o fornecimento de mais ajuda a Gaza, segundo a OMS, a situação só tem piorado.
“Assistimos a uma redução do acesso humanitário”, sublinhou Casey, referindo que a OMS e outras agências especializadas das Nações Unidas “estão sempre a tentar chegar às zonas mais necessitadas”.
“Todos os dias, formamos as nossas colunas, esperamos pela autorização e não a obtemos”, lamentou. A OMS não pôde visitar o norte da Faixa de Gaza nas últimas duas semanas e teve de cancelar seis missões planeadas.
Bens essenciais estão a esgotar
Segundo Sean Casey, a assistência humanitária, e em particular a alimentar, “é extremamente necessária em toda a Faixa de Gaza”, mas “a situação alimentar no norte é absolutamente terrível, quase não há alimentos disponíveis” e as pessoas suplicam às equipas da OMS por comida.
De acordo com a organização, só 15 dos 36 hospitais de Gaza estão a funcionar pelo menos parcialmente, a maioria dos quais no sul do enclave palestiniano sobrepovoado, pobre e agora destruído, 85% de cuja população (1,9 milhões de pessoas) se viu obrigada a deslocar-se devido à ofensiva israelita.
A OMS descreveu cenas de desespero nos poucos hospitais ainda em serviço no norte, onde faltam comida, água, medicamentos e combustível, e indicou que a situação está cada vez mais difícil também no centro e no sul do território.
O coordenador das equipas de emergência da OMS visitou no domingo o Hospital Al-Aqsa e verificou que centenas de doentes e cerca de 70% do pessoal tinham fugido enquanto os combates aumentavam na zona circundante.
Os restantes funcionários tentavam socorrer os doentes que se encontravam no chão manchado de sangue.
“Eram, na maioria, crianças com ferimentos de bala ou estilhaços, crianças que estavam a brincar na rua quando um prédio vizinho foi atingido”, explicou Casey.
ZAP // Lusa