
Um idoso palestiniano reage à área destruída após ataques aéreos israelitas em Gaza
É a primeira vez que as Nações Unidas chegam à conclusão de que o governo de Israel “orquestrou e incitou uma campanha genocida” com a “intenção de destruir” os palestinianos. União Europeia diz estar “a ajudar o mais que pode”.
Uma comissão internacional independente de investigação da ONU acusou esta terça-feira Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, com a “intenção de destruir” os palestinianos.
“Nós chegamos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel“, disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.
Os mais altos dirigentes israelitas “orquestraram uma campanha genocida”, acrescentou Navi Pillay, de 83 anos, antiga alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
A Comissão “concluiu que o Presidente israelita, Isaac Herzog, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, incitaram o genocídio e que as autoridades israelitas não tomaram qualquer medida contra estas pessoas para punir essa incitação”.
As investigações, que têm como ponto de partida os ataques do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, demonstraram que as autoridades e as forças de segurança israelitas cometeram “quatro dos cinco atos genocidas” definidos pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio de 1948.
Estes crimes são, nomeadamente, “matar membros de um grupo; causar danos físicos ou mentais graves a membros de um grupo; impor deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para causar a sua destruição física, total ou parcial; e medidas destinadas a impedir nascimentos dentro de um grupo”.
Israel “rejeita categoricamente” este “relatório tendencioso e mentiroso e pede a dissolução imediata” da Comissão, afirmou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita esta terça-feira.
UE: “não temos ferramentas para parar isto”
“A comunidade internacional não pode permanecer em silêncio perante a campanha genocida lançada por Israel contra o povo palestiniano em Gaza. Quando surgem sinais e provas claras de genocídio, a omissão em agir para o impedir equivale a cumplicidade“, segundo a Comissão, que não é um órgão legal, mas cujos relatórios podem aumentar a pressão diplomática e servir para reunir provas para serem utilizados pelos tribunais. A comissão tem um acordo de cooperação com o Tribunal Penal Internacional (TPI), com o qual “milhares de informações” são partilhadas, segundo a presidente da Comissão da ONU.
A alta representante da diplomacia da União Europeia (UE) admitiu esta terça-feira que o bloco comunitário “não tem ferramentas” para parar Telavive.
“Quero insistir que esta ofensiva terrestre, e fui bastante clara com o Governo israelita, vai na direção errada, só vai trazer mais devastação, mais destruição, mais mortes de civis inocentes, mas não temos ferramentas para realmente parar isto”, disse Kaja Kallas em entrevista à agência Lusa.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança lamentou que o bloco político-económico europeu careça de meios para travar a ofensiva terrestre de Israel e insistiu que a União Europeia está a “ajudar os palestinianos o mais que pode”.
A Comissão Europeia vai propor quarta-feira a suspensão parcial do acordo de associação entre União Europeia e Israel em questões comerciais, algo que, segundo Kallas, “teria um custo financeiro muito pesado” para Telavive, estando em causa a cessação das disposições comerciais do acordo, nomeadamente a revogação do princípio da nação mais favorecida para alguns produtos.
A campanha de represália militar no território palestiniano fez quase 65 mil mortos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza controlado pelo Hamas, que a ONU considera fiáveis. No entanto, a relatora da ONU para os territórios palestinianos ocupados admitiu esta segunda-feira que “devemos começar a pensar em 680 mil” mortos, “porque este é o número que alguns académicos e investigadores apontam como a verdadeira cifra de mortos em Gaza”.
Pelo menos 41 residentes de Gaza morreram entre a noite de segunda-feira e esta terça-feira devido aos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, numa das noites mais mortíferas desde que Israel lançou a sua operação terrestre na Cidade de Gaza. O Exército israelita lançou esta terça-feira uma nova ofensiva em grande escala para tentar capturar a Cidade de Gaza, localizada no norte da Faixa de Gaza, após semanas de intensos bombardeamentos e ordens de retirada para expulsar a população da zona. Anteriormente, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, afirmou que “Gaza está em chamas” diante dos ataques do Exército israelita.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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Só agora é que concluíram que Israel comete genocídio em Gaza?!?!?
Os políticos da ONU e da UE têm estado a dormir (para variar). Mas também os políticos servem mesmo para isso, isto é: Para nada. Só servem para balbuciar conversa de chacha em reuniões e assembleias gerais, e ao fim do dia vão para as suas caminhas, muito descansadinhos, com o sentimento do dever cumprido, enquanto as pessoas no terreno sofrem os horrores da guerra.
“Não temos como parar isto”…. Olha a novidade. Assim como não têm como parar a guerra na Ucrânia. Em três anos de guerra a Ucrânia já gastou 320 mil milhões de dólares em armamento (e quem é que tem pago isso, já agora?) e não está mais perto da vitória. Vaticino que daqui por outros três anos já gastaram outros 320 mil milhões em armas e estará tudo na mesma.
Na verdade, nos últimos tempos os russos até têm estado a ganhar terreno.
Da UE (Metsola e Von der Leyen) nunca tiveram problemas em dizer que somos amigos de Israel… “Both share the same values of democracy” isto já em 2021 -> https://www.eeas.europa.eu/israel/european-union-and-israel_en