Vídeo chocante divulgado pelo The New York Times desmentiu versão israelita dos factos. Israel admite erro, mas continua a insistir seguiam 9 “terroristas” eliminados nas ambulâncias — embora até agora apenas tenha fornecido o nome de um, que não coincide com os nomes das vítimas divulgados.
As forças israelitas assumiram este domingo que os relatos iniciais das suas tropas sobre o ataque que matou 15 profissionais de saúde e humanitários em Gaza — incluindo um funcionário da ONU — estavam “parcialmente errados” e que está em curso uma investigação interna.
“Todas as alegações, incluindo a documentação que circula sobre o incidente, serão objeto de um exame minucioso e aprofundado para compreender a sequência dos acontecimentos e a forma como a situação foi tratada”, adiantaram as IDF.
A admissão foi praticamente inevitável, depois de um vídeo do ataque ao comboio médico, publicado pelo The New York Times no sábado, contradizer a versão israelita de que os veículos circulavam de luzes apagadas.
A gravação terá sido encontrada no telemóvel de um paramédico encontrado na vala comum com uma bala na cabeça — juntamente com os outros corpos mais de uma semana de todos terem sido dados como desaparecidos — e obtido por um diplomata das Nações Unidas, sob anonimato.
Nos seus últimos momentos de vida, a vítima que gravava recita uma prece e pede perdão à mãe por ter escolhido a profissão de ajudar os outros.
Com as luzes ligadas, as ambulâncias são mandadas parar pelas IDF. Quando param, são atingidas por tiros. As imagens tremem e fica tudo escuro na gravação. E é então que se começa a ouvir a shahada, oração do islamismo, repetidamente, sob a forma de últimas palavras.
“Perdoa-me, mãe. Este é o caminho que escolhi — ajudar as pessoas. ‘Allahu akbar’, Deus é grande”.
🚨 Video That Exposes the Israeli Occupation’s Lies
The Palestine Red Crescent Society has obtained a video from the family of a martyred EMT, found on his mobile phone after his body was recovered from a mass grave in Gaza. He was among 15 ambulance and relief team members… pic.twitter.com/8iWqULxijC
— PRCS (@PalestineRCS) April 5, 2025
Entre o material recolhido, a organização humanitária Crescente Vermelho disse contar com o vídeo que “mostra muito claramente que as ambulâncias estavam com as luzes acesas” no momento do ataque, afirmou Marwan Jilani, vice-presidente da Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano, organização que integra o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e da qual faziam parte vários dos profissionais mortos na ofensiva.
O vídeo mostra que as ambulâncias onde viajavam os profissionais de saúde, que iam vestidos com uniformes refletores, e o carro de bombeiros que os acompanhava, estavam claramente identificados e com as luzes de emergência ligadas.
O New York Times verificou as imagens e concluiu que foram gravadas durante as primeiras horas da manhã de 23 de março em Rafah, no sul de Gaza, onde teve lugar o ataque.
Na sua versão inicial, antes de o vídeo ser divulgado, Israel disse ter disparado contra ambulâncias na Faixa de Gaza após terem considerado os veículos suspeitos.
As IDF disseram que “foram identificados vários veículos descoordenados que avançavam de forma suspeita em direção às tropas das IDF, sem faróis ou sinais de emergência”, o que motivou a abertura de fogo.
Israel continuou a insistir que nos carros seguiam “terroristas” e diz ter matado nove supostos milicianos, embora até agora apenas tenha fornecido o nome de um, que não coincide com os nomes das vítimas divulgados pela organização do Crescente Vermelho Palestiniano e pela defesa civil de Gaza.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
-
6 Abril, 2025 Israel admite mentira sobre ataque a 15 trabalhadores humanitários encontrados em vala comum