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Astrónomos detetaram, pela primeira vez, isótopos na atmosfera de um exoplaneta

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(dr) NASA Exoplanet Catalog

Visualização hipotética do exoplaneta TYC 8998-760-1 b

O TYC 8998-760-1 b, localizado a pouco mais de 300 anos-luz de distância, concedeu a primeira deteção de isótopos na atmosfera de um exoplaneta.

De acordo com o site Science Alert, astrónomos detetaram à volta do exoplaneta gasoso TYC 8998-760-1 b uma forma de carbono conhecida como carbono-13. Trata-se da primeira vez que são detetados isótopos na atmosfera de um exoplaneta.

Este exoplaneta, descoberto em 2019, orbita a sua estrela a uma distância considerável, cerca de 160 unidades astronómicas, mas é grande (o dobro do tamanho de Júpiter), o que significa que é relativamente brilhante com a luz das estrelas refletida.

Por isso, uma equipa de investigadores liderada por Yapeng Zhang, astrónoma da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, decidiu analisá-lo mais de perto para ver se essa luz refletida poderia dizer mais alguma coisa sobre ele.

Os cientistas usaram um instrumento chamado SINFONI (Spectrograph for Integral Field Observations in the Near Infrared), localizado no Very Large Telescope (VLT), no Chile, e descobriram que os comprimentos de onda absorvidos pelo TYC 8998-760-1 b são consistentes com o isótopo carbono-13.

A quantidade de carbono-13 encontrada na atmosfera do exoplaneta foi o dobro da abundância esperada. A equipa acredita que isto pode dizer algo sobre as condições sob as quais o TYC 8998-760-1 b se formou.

“Este planeta está mais de 150 vezes mais distante da sua estrela-mãe do que a Terra está do Sol. A uma distância tão grande, os gelos formaram-se possivelmente com mais carbono-13, causando a maior fração deste isótopo na atmosfera do planeta atualmente”, explicou o astrofísico Paul Mollière, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

Esta região estaria além da chamada linha do gelo de monóxido de carbono: a distância da estrela além da qual o monóxido de carbono se condensa e congela.

Quaisquer exoplanetas que se formem tão longe do calor da estrela incorporariam esses gelos de monóxido de carbono. Uma vez que os planetas conhecidos no Sistema Solar estão mais próximos do que esta distância do Sol, não se formariam com tanto monóxido de carbono como o TYC 8998-760-1 b, consideram os astrónomos.

“A expectativa é que, no futuro, os isótopos nos ajudem ainda mais a entender exatamente como, onde e quando é que os planetas se formam. Este resultado é apenas o começo“, concluiu Ignas Snellen, astrónomo da mesma universidade holandesa.

O estudo foi publicado, esta quarta-feira, na revista científica Nature.

ZAP //

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