Jovens com rendimentos mais baixos só começam a sentir o efeito da medida após três anos. Um jovem que ganha 2.000 euros brutos por mês acumula mais de 4.000 euros de benefício anual em comparação com um jovem que aufira 1.000 euros por mês.
O novo regime de IRS Jovem foi desenhado para beneficiar os jovens no início das suas carreiras, mas as simulações realizadas pela EY para a CNN Portugal revelam que os ganhos não são distribuídos de forma equitativa.
Jovens com salários mais altos, como os que ganham 2.000 euros brutos por mês, saem amplamente beneficiados, enquanto os jovens com rendimentos mais baixos, entre 1.000 e 1.500 euros brutos mensais, só começam a ver melhorias significativas a partir do terceiro ano de vigência do regime.
No caso de um jovem que aufira 2.000 euros brutos por mês, as vantagens fiscais são evidentes desde o primeiro ano.
Este jovem beneficia logo de uma poupança de 398 euros no primeiro ano e esse valor aumenta progressivamente, atingindo os 3.142 euros no quinto ano — um ganho acumulado significativo que ultrapassa os 5.171 euros anuais no final do período de cinco anos.
Por outro lado, os jovens com salários mais baixos, concretamente 1.000 e 1.500 euros mensais, só começam a sentir os benefícios a partir do terceiro ano.
No caso de um jovem com salário de 1.000 euros, nos primeiros dois anos não há grande diferença face ao regime anterior, mas no terceiro ano começa a verificar-se um ganho anual de 113 euros, que aumenta progressivamente até aos 592 euros no quinto ano. Ao longo dos cinco anos, este jovem acumula um total de 950 euros de benefício anual.
Para os jovens que ganham 1.500 euros por mês, o cenário é semelhante, mas, naturalmente, com valores ligeiramente superiores. A partir do terceiro ano, os ganhos começam anotar-se, com uma poupança de 821 euros anuais, que se prolonga até ao quinto ano, quando o benefício atinge os 1.665 euros. Ao final dos cinco anos, este jovem terá acumulado um benefício total de 3.345 euros anuais.
Maior salário, maior benefício
Comparando os diferentes escalões salariais, fica claro que quanto maior o salário, maior o benefício fiscal resultante do novo IRS Jovem.
Um jovem que ganha 2.000 euros brutos por mês acumula mais de 4.000 euros de benefício anual em comparação com um jovem que aufira 1.000 euros por mês.
As simulações consideram um trabalhador dependente, solteiro e sem filhos, e não incluem as contribuições obrigatórias de 11% para a Segurança Social. No entanto, mesmo sem estas deduções, o impacto do novo regime de IRS Jovem revela uma clara vantagem para os jovens com rendimentos mais elevados.
O IRS Jovem atualmente em vigor, introduzido durante o governo de António Costa, isenta os rendimentos obtidos no primeiro ano e aplica descontos progressivamente menores até ao quinto ano.
Em contraste, a nova proposta de Montenegro oferece um regime de cobrança de IRS estável até o trabalhador completar 35 anos. Os contribuintes poderão escolher entre o regime atual e o proposto, embora não esteja claro se poderão alternar entre os dois.